Abstract
Based on the data provided by ICA (Institute of Cinema and Audiovisual), covering the period from 2019 to 2024, considerations will be presented regarding Portuguese Cinema in the post-COVID-19 Pandemic era, specifically concerning production, distribution, and exhibition. Although the World Health Organization declared May 5, 2023, as the end of the global health emergency related to the COVID-19 Pandemic, we consider 2022 as the post-pandemic year. Thus, the period from 2022 to 2024 will be the primary focus. However, in order to better understand this period, we will also analyze the year prior to the emergence of the COVID-19 Pandemic, namely 2019, as well as the two years of significant restrictions due to the outbreak of the aforementioned Pandemic, i.e., 2020 and 2021. From a methodological point of view, several publications made available by the ICA between 2019 and 2025 were consulted and analyzed. The observed results indicate promising prospects for Portuguese cinema, showing a very positive recovery both in terms of production and in the distribution and exhibition of national films, taking into account the years prior to the emergence of the COVID-19 pandemic.
Keywords: COVID-19, Exhibition, Distribution, Portuguese Cinema, Production.
1. Introdução
O ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual) é um instituto público que está integrado na administração indireta do Estado Português, mas com autonomia administrativa e financeira, e com património próprio, estando sob a tutela do Secretário de Estado da Cultura (ICA, 2025c). A sua missão consiste em apoiar o desenvolvimento das atividades cinematográficas e audiovisuais em Portugal (ICA, 2025c).
Este instituto foi criado pelo Decreto-Lei n.º 95/2007, de 29 de março, decorrendo da reestruturação do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), com o objetivo de responder à necessidade de adequação e aprofundamento da sua atuação no respetivo domínio de intervenção (ICA, 2025c).
No contexto da reforma da Administração Pública, definida pelo Plano de Redução e Melhoria da Administração Central, a organização do ICA foi modificada ao abrigo do Decreto-Lei n.º 79/2012, de 27 de março, preservando, no entanto, o seu âmbito de atuação e a responsabilidade pelo apoio ao desenvolvimento das atividades cinematográficas e audiovisuais (ICA, 2025c).
Todavia, o ICA teve a sua origem no Instituto Português de Cinema (IPC), criado em 1971 pela Lei n.º 7/71, de 7 de dezembro, com o propósito de: “… incentivar e disciplinar as atividades cinematográficas nas suas modalidades industriais e comerciais de produção, distribuição e exibição de filmes…”; “… representar o cinema português em organizações internacionais…”; “… promover as relações internacionais do cinema português nos domínios cultural, económico e financeiro…”; e “… fomentar a cultura cinematográfica…” (ICA, 2025c).
Assim, as competências do ICA incluem: a atribuição anual de apoios financeiros mediante concurso público; o estabelecimento de protocolos com diversas entidades nas áreas do Cinema e do Audiovisual; a garantia da representação nacional em instituições e órgãos internacionais nos domínios cinematográfico e audiovisual; e o registo de empresas e obras cinematográficas e audiovisuais (ICA, 2025c).
Seguidamente, serão expostas algumas considerações sobre o Cinema Português após a Pandemia COVID-19, nomeadamente aspetos referentes à produção, distribuição e exibição de filmes nacionais, tendo como principal período de análise os anos 2022, 2023 e 2024 (muito embora, a Organização Mundial de Saúde tenha declarado o dia 5 de maio de 2023 como o fim da emergência de saúde global referente à pandemia de COVID-19, o ano 2022 foi considerado, nesta investigação, como o primeiro ano pós-pandemia). Para além disso, para uma melhor compreensão, também serão examinados os anos 2019 (ano anterior ao surgimento da Pandemia COVID-19), 2020 (ano do aparecimento da referida Pandemia) e 2021 (neste ano ainda existiram grandes restrições devido a esta Pandemia). Estas considerações têm por base os dados disponibilizados pelo ICA, entre os anos 2019 e 2025, nos anuários publicados todos os anos.
2. Produção de Obras Nacionais Cinematográficas
No ano anterior à chegada da Pandemia COVID-19, ou seja, no ano de 2019, foram produzidas 66 obras portuguesas cinematográficas que obtiveram o apoio financeiro do ICA, nomeadamente 37 longas-metragens (22 de ficção e 15 documentários) e 29 foram curtas-metragens (16 de ficção, quatro documentários e nove de animação) (ICA, 2020a, 2020b, 2021a, 2021b, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
Em 2020, o primeiro ano da referida Pandemia, o ICA apoiou financeiramente a produção de 49 obras nacionais de âmbito cinematográfico, sendo que 25 foram longas-metragens (11 de ficção, 13 documentários e uma de animação) e 24 foram curtas-metragens (14 de ficção, quatro documentários e seis de animação) (ICA, 2021a, 2021b, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
Durante o ano 2021, ainda em Pandemia, foram produzidas 52 obras portuguesas de cariz cinematográfico que contaram com o apoio financeiro do ICA, designadamente 32 longas-metragens (15 de ficção e 17 documentários) e 20 curtas-metragens (11 de ficção, três documentários e seis de animação) (ICA, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
No ano 2022, isto é, o primeiro ano que foi considerado após a Pandemia, foram produzidas 101 obras nacionais cinematográficas que tiveram o apoio financeiro do ICA, mormente 56 longas-metragens (27 de ficção, 26 documentários e três de animação) e 45 curtas-metragens (20 de ficção, cinco documentários e 20 de animação (ICA, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
No ano seguinte, quer isto dizer, em 2023, o ICA atribuiu apoio financeiro a 98 obras portuguesas de âmbito cinematográfico, especificamente a 52 longas-metragens (29 de ficção, 21 documentários e duas de animação) e 46 curtas-metragens (28 de ficção, sete documentários e 11 de animação) (ICA, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
Por último, em 2024, o ICA apoiou a nível financeiro a produção de 96 obras nacionais cinematográficas, particularmente 48 longas-metragens (27 de ficção e 21 documentários) e, também, 48 curtas-metragem (27 de ficção, dois documentários e 19 de animação (ICA, 2025a, 2025b).
3. Distribuição e Exibição de Obras Nacionais Cinematográficas nas Salas
de Cinema Portuguesas
De seguida, serão apresentadas algumas considerações acerca das longas-metragens de produção nacional que foram estreadas e exibidas, nas salas de cinema em Portugal, bem como o número de espetadores e receitas brutas obtidas, no período compreendido entre os anos de 2019 e 2024. Por outra parte, serão referenciadas as longas-metragens portuguesas mais vistas, em salas de cinema nacionais, após a Pandemia COVID-19, ou seja, entre 2022 e 2024.
3.1. Longas-metragens estreadas e exibidas
No ano antes do aparecimento da Pandemia COVID-19, ou seja, em 2019, foram estreadas 47 longas-metragens portuguesas, representando um quarto (25,7 por cento) das longas-metragens europeias e 12 por cento do total das longas-metragens estreadas nas salas de cinema portuguesas (ICA, 2020a, 2020b). Ainda em 2019, foram exibidas 196 longas-metragens nacionais, correspondendo a 28,2 por cento do cinema de produção europeia (696 longas-metragens) e 16,5 por cento do total (1191 longas-metragens) (ICA, 2020a, 2020b, 2021a, 2021b, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
No ano 2020, tal como referido, o primeiro ano da Pandemia COVID-19, estrearam apenas 23 longas-metragens de produção portuguesa, significando 18,5 por cento das longas-metragens europeias (124 longas-metragens) e 9,5 por cento do total (241) das longas-metragens (ICA, 2021a, 2021b, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b). Relativamente às longas-metragens nacionais exibidas, durante 2020, estas foram 133, equivalendo a 25,2 por cento do cinema europeu (528 longas-metragens) e 15,3 por cento do total (868 longas-metragens) (ICA, 2021a, 2021b, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b). Relembra-se que, devido à mencionada Pandemia, as salas de cinema estiveram encerradas durante grande parte dos anos 2020 e 2021.
No ano seguinte, isto é, em 2021, foram estreadas somente 16 longas-metragens portuguesas, refletindo 16,5 por cento do cinema de origem europeia (97 longas-metragens) e 6,6 por cento do total (244 longas-metragens) (ICA, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b). Recorda-se que, no ano anterior, a produção esteve praticamente parada. No que concerne às longas-metragens exibidas, nesse ano, foram projetadas 183, expressando 34,3 por cento do cinema europeu (534 longas-metragens) e 20,5 por cento do total (894 longas-metragem) (ICA, 2022a, 2022b, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
Em 2022, nas salas de cinema portuguesas, foram estreadas 53 longas-metragens nacionais, representando 24,5 por cento do cinema de produção europeia (216 longas-metragens) e 13,8 por cento do total (385 longas-metragens) (ICA, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b). Quanto ao número de longas-metragens exibidas, durante 2022, foram 197, correspondendo a 29,2 por cento do cinema europeu (674 longas-metragens) e 17,7 por cento do total (1112 longas-metragens) (ICA, 2023, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
No ano de 2023, estrearam 47 longas-metragens de produção portuguesa, significando 26,6 por cento do cinema europeu (177 longas-metragens) e 13,2 por cento do total (356 longas-metragens) (ICA, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b). No que diz respeito às longas-metragens projetadas, durante o ano de 2023, de produção portuguesa, foram exibidas 201, equivalendo a 29,9 por cento do cinema europeu (672 longas-metragens) e 17 por cento do total (1185 longas-metragens) (ICA, 2024a, 2024b, 2025a, 2025b).
Em 2024, foram estreadas 62 longas-metragens nacionais, refletindo 30,7 por cento do cinema europeu (202 longas-metragens) e 15,9 por cento do total (391 longas-metragens) (ICA, 2025a, 2025b). No que se refere às longas-metragens mostradas, durante o ano de 2024, de produção nacional, foram projetadas 267, expressando 35,5 por cento do cinema europeu (753 longas-metragens) e 20,8 por cento do total (1286 longas-metragens) (ICA, 2025a, 2025b).
3.2. Número de espetadores e receitas brutas
Em 2019, isto é, no ano anterior à chegada da Pandemia COVID-19, os filmes portugueses tinham sido vistos, em salas de cinema localizadas em território nacional, por 700.761 espetadores, representando 37,1 por cento do cinema europeu (1.889.168 espetadores) e 4,5 por cento do total (15.540.742) (ICA, 2020a, 2020b). Relativamente à receita bruta obtida pela projeção das longas-metragens nacionais, esta situou-se nos 3.480.418,04 euros, correspondendo a 36,3 por cento das receitas brutas do cinema europeu (9.596.575,09 euros) e 4,2 por cento do total (83.190.630,67 euros) (ICA, 2020a, 2020b).
No ano de 2020, ou seja, no primeiro ano da referida Pandemia, apenas 133.079 espetadores assistiram a produções cinematográficas portuguesas em salas de cinema, significando 20,6 por cento do cinema europeu (644.676 espetadores) e 3,5 por cento do total (3.802.661 espetadores) (ICA, 2021a, 2021b). Quanto à receita bruta conseguida pelos filmes portugueses, esta atingiu unicamente 630.105,93 euros, equivalendo a 19,1 por cento da receita bruta do cinema de origem europeia (3.298.921,81 euros) e 3,1 por cento do total (20.567.415,09 euros) (ICA, 2021a, 2021b).
No ano seguinte, quer dizer, em 2021, os filmes portugueses foram visionados, em salas de cinema, por 164.116 espetadores, perfazendo 23,9 por cento do cinema europeu (687.972 espetadores) e 3 por cento do total (5.480.408 espetadores) (ICA, 2022a, 2022b). No que respeita à receita bruta atingida pelo visionamento dos filmes portugueses, esta alcançou os 785.307,39 euros, constituindo 22,8 por cento da receita bruta do cinema europeu (3.449.741,61 euros) e 2,6 por cento do total (30.622.161,44 euros) (ICA, 2022).
No ano de 2022, as longas-metragens de produção nacional foram assistidas, em salas de cinema, por 532.586 espetadores, correspondendo a 43,3 por cento do cinema europeu (1.231.208 espetadores) e 5,6 por cento do total (9.595.884 espetadores) (ICA, 2023). No que concerne à receita bruta alcançada pelos filmes portugueses, esta situou-se nos 2.842.494,91 euros, significando 43,6 por cento da receita bruta do cinema europeu (6.526.623,18 euros) e 5,1 por cento do total (55.359.867,18 euros) (ICA, 2023).
No ano de 2023, os filmes portugueses foram vistos por 328.762 espetadores, representando 30,5 por cento do cinema europeu (1.079.496 espetadores) e 2,7 por cento do total (12.290.368 espetadores) (ICA, 2024a, 2024b). Ao nível da receita bruta dos filmes portugueses, esta obteve 1.546.277,05 euros, expressando 27,9 por cento do cinema europeu (5.542.147,47 euros) e 2,1 por cento do total (72.859.758,06 euros) (ICA, 2024a, 2024b).
Durante o ano de 2024, as longas-metragens nacionais foram visionadas, em salas de cinema, por 533.895 espetadores, sendo 35,1 por cento do cinema europeu (1.522.682 espetadores) e 4,5 por cento do total (11.838.962 espetadores) (ICA, 2025a; 2025b). Acerca da receita bruta das longa-metragens portuguesas, esta situou-se nos 3.071.696,32 euros, constituindo 35,7 por cento do cinema europeu (8.614.861,40 euros) e 4,2 por cento do total (73.240.708,95 euros) (ICA, 2025a; 2025b).
3.3. As longas-metragens portuguesas mais vistas, em salas de cinema, após a Pandemia COVID-19
No que se refere ao ano de 2022 (ICA, 2023), a décima posição foi ocupada pelo filme documental Cesária Évora da realizadora Ana Sofia Fonseca, cuja estreia aconteceu no dia 27 de outubro de 2022, tendo obtido, até ao final desse ano, uma assistência de 7.329 espetadores e uma receita bruta de 40.880,91 euros. A nona posição foi alcançada pelo filme O Homem Que Matou Don Quixote do realizador Terry Gilliam, uma coprodução europeia entre Portugal, França, Espanha, Bélgica e Grã-Bretanha, que estreou a 17 de fevereiro de 2022, atingindo uma assistência de 7.513 espetadores e 40.049,01 euros de receita bruta. O filme Alma Viva da realizadora Cristèle Alves Meira ficou na oitava posição, também uma coprodução europeia, entre Portugal, França e Bélgica, com uma assistência de 7.685 espetadores e uma receita bruta de 32.562,07 euros, cuja longa-metragem teve a sua estreia no dia 3 de novembro de 2022. A posição seguinte, ou seja, a sétima, pertenceu ao filme O Natal do Bruno Aleixo dos realizadores Pedro Santo e João Moreira, que viram a sua estreia acontecer no dia 22 de dezembro de 2022, conseguindo, ainda assim, uma assistência de 8.103 espetadores e 44.895,58 euros de receita bruta. A sexta posição foi atribuída ao filme O Pai Tirano do realizador João Gomes, tendo estreado no dia 21 de julho de 2022, alcançando uma assistência de 9.361 espetadores e uma receita bruta de 49.893,44 euros. O filme Restos do Vento, que teve a sua esteia no dia 22 de setembro de 2022, obteve a quinta posição, cuja realização ficou a cargo de Tiago Guedes, obtendo uma assistência de 11.759 espetadores e 61.073,37 euros de receita bruta. A quarta posição foi ocupada pelo filme A Fada do Lar, dirigido pelo realizador João Maia, tendo alcançado uma assistência de 14.843 espetadores e 75.805,37 euros de receita bruta, cuja longa-metragem estreou a 6 de outubro de 2022. O filme Salgueiro Maia - O Implicado do realizador Sérgio Graciano, que estreou a 14 de abril de 2022, conquistou a terceira posição, conseguindo uma assistência de 16.874 espetadores e 87.974,42 euros de receita bruta. A segunda posição pertenceu ao filme 2 Duros de Roer do realizador Victor Santos, que teve a sua estreia a 14 de julho de 2022, com 49.858 espetadores e 277.064,33 euros de receita bruta. Por fim, a longa-metragem mais vista, em 2022, foi o filme Curral de Moinas - Os Banqueiros do Povo do realizador Miguel Cadilhe, que estreou no dia 11 de agosto de 2022, alcançando 315.968 espetadores e 1.783.334,59 euros de receita bruta.
Quanto a 2023 (ICA, 2024), a décima posição foi atribuída ao filme A Minha Casinha do realizador António Sequeira, uma coprodução entre Portugal e Grã-Bretanha, cuja estreia ocorreu a 14 de dezembro de 2023, tendo obtido uma assistência de 4.848 espetadores e uma receita bruta de 28.361,79 euros. A nona posição foi ocupada pelo filme A Sibila do realizador Eduardo Brito, que estreou a 12 de outubro de 2023, alcançando uma assistência de 6.680 espetadores e 26.833,70 euros de receita bruta. O filme Great Yarmouth - Provisional Figures do realizador Marco Martins, uma coprodução entre Portugal, França e Grã-Bretanha, ficou na oitava posição, com uma assistência de 6.857 espetadores e uma receita bruta de 36.362,45 euros, cuja longa-metragem teve a sua estreia no dia 16 de março de 2023. A sétima posição ficou para o filme Não Sou Nada - The Nothingness Club do realizador Edgar Pêra, que viu a sua estreia suceder no dia 26 de outubro de 2023, obtendo uma assistência de 7.254 espetadores e 30.330,87 euros de receita bruta. A sexta posição foi alcançada pelo filme O Último Animal do realizador Leonel Vieira, uma coprodução entre Portugal e Brasil, tendo estreado no dia 30 de novembro de 2023, conseguindo uma assistência de 7.859 espetadores e uma receita bruta de 47.641,56 euros. O filme Viver Mal, uma coprodução entre Portugal e França e que teve a sua esteia no dia 11 de maio de 2023, obteve a quinta posição, cuja realização ficou a cargo de João Canijo, obtendo uma assistência de 12.945 espetadores e 59.786,50 euros de receita bruta. A quarta posição foi preenchida pelo filme Amadeo, dirigido pelo realizador Vicente Alves do Ó, tendo obtido uma assistência de 13.491 espetadores e 62.335,09 euros de receita bruta, cuja longa-metragem estreou a 26 de janeiro de 2023. O filme Mal Viver do realizador João Canjo, uma coprodução entre Portugal e França, que estreou a 11 de maio de 2023, alcançou a terceira posição, conseguindo uma assistência de 17.441 espetadores e 81.894,24 euros de receita bruta. A segunda posição foi conferida à longa-metragem Um Filme do Caraças do realizador Hugo Diogo, que teve a sua estreia a 17 de agosto de 2023, com 24.572 espetadores e 141.137,97 euros de receita bruta. Finalmente, o filme mais assistido, em 2023, foi a longa-metragem Pôr do Sol: O Mistério do Colar de São Cajó do realizador Manuel Pureza, que estreou no dia 3 de agosto de 2023, conseguindo 118.671 espetadores e 693.291,63 euros de receita bruta.
No que respeita ao ano de 2024 (ICA, 2025), a décima posição foi ocupada pelo filme Cândido - O Espião que Veio do Futebol do realizador Jorge Paixão da Costa, cuja estreia aconteceu no dia 9 de maio de 2024, tendo obtido uma assistência de 4.475 espetadores e uma receita bruta de 15.771,57 euros. A nona posição foi alcançada pelo filme Os Papéis do Inglês do realizador Sérgio Graciano, que estreou a 24 de outubro de 2024, atingindo uma assistência de 4.643 espetadores e 27.655,14 euros de receita bruta. O filme A Flor do Buriti dos realizadores João Salaviza e Renée Nader Messora, uma coprodução entre Portugal e Brasil, ficou na oitava posição, com uma assistência de 6.368 espetadores e uma receita bruta de 30.845,40 euros, cuja longa-metragem teve a sua estreia no dia 21 de março de 2024. A posição seguinte, ou seja, a sétima, pertenceu ao filme O Pior Homem de Londres do realizador Rodrigo Areias, que viu a sua estreia acontecer no dia 8 de fevereiro de 2024, conseguindo uma assistência de 7.672 espetadores e 37.928,85 euros de receita bruta. A sexta posição foi atribuída ao filme Grand Tour do realizador Miguel Gomes, tendo estreado no dia 19 de setembro de 2024, alcançando uma assistência de 11.877 espetadores e uma receita bruta de 65.011,60 euros. O filme A Semente do Mal, que teve a sua esteia no dia 18 de janeiro de 2024, obteve a quinta posição, cuja realização ficou a cargo de Gabriel Abrantes, obtendo uma assistência de 16.998 espetadores e 102.888,57 euros de receita bruta. A quarta posição foi ocupada pelo filme Revolução (Sem) Sangue, dirigido pelo realizador Rui Pedro Sousa, tendo alcançado uma assistência de 20.991 espetadores e 113.599,67 euros de receita bruta, cuja longa-metragem estreou a 11 de abril de 2024. O filme Vive e Deixa Andar do realizador Miguel Cadilhe, que estreou a 31 de outubro de 2024, conquistou a terceira posição, obtendo uma assistência de 30.705 espetadores e 193.475,83 euros de receita bruta. A segunda posição pertenceu ao filme Podia Ter Esperado por Agosto do realizador César Mourão, que teve a sua estreia a 18 de julho de 2024, com 102.968 espetadores e 632.768,97 euros de receita bruta. Por fim, a longa-metragem mais vista, em 2024, foi o filme Balas & Bolinhos: Só Mais uma Coisa do realizador Luís Ismael, que estreou no dia 15 de agosto de 2024, alcançando 248.754 espetadores e 1.569.235,18 euros de receita bruta.
4. Conclusão
Entre os anos de 2022 e 2024, o ICA apoiou financeiramente a produção de 295 obras portuguesas cinematográficas, cujos apoios foram distribuídos por 156 longas-metragens (83 de ficção, 68 documentários e cinco de animação) e 139 curtas-metragens (75 de ficção, 14 documentários e 50 de animação). Importa referir que foram apoiadas 158 obras de ficção, 82 documentários e 55 de animação. Ainda que os anos 2020 e 2021 tenham sido anos muito difíceis, devido sobretudo à Pandemia COVID-19, os últimos anos têm sido muito positivos no que se refere à produção de obras nacionais cinematográficas, ultrapassando os números antes do surgimento da mencionada Pandemia. Em 2019, tinham sido apoiadas financeiramente, pelo ICA, 66 obras cinematográficas, em 2018, 72, em 2017, 65, em 2016, 48 e, em 2015, 51 (ICA, 2019, 2020a, 2020b).
Relativamente às longas-metragens nacionais estreadas, nas salas de cinema em Portugal, também entre 2022 e 2024, o número de estreias mais alto foi atingido no ano de 2024, com 62 estreias, e, pelo lado inverso, o número mais baixo foi verificado no ano de 2023, com 47 estreias. No mesmo sentido, a maior quota de mercado das longas-metragens portuguesas estreadas foi alcançada em 2024, com 15,9 por cento, e, em sentido oposto, a menor foi detetada em 2023, com 13,1% por cento. Porém, se se tiver em conta o período entre os anos 2019 e 2024, o número mais elevado continua a ser o referente ao ano de 2024, com 62 estreias, e, inversamente, o número mais reduzido foi observado no ano de 2021, com apenas 16 estreias. Na mesma linha, a maior quota de mercado das longas-metragens de produção portuguesa estreadas foi obtida em 2024, com 15,9 por cento, e, pelo lado contrário, a menor quota foi registada em 2021, com 6,6 por cento.
No que concerne ao número de espetadores que assistiram a filmes portugueses, em salas de cinema localizadas em território nacional, entre os anos 2022 e 2024, constatou-se que o maior número foi conseguido em 2022, com 536.626 espetadores e, em contrapartida, o menor número foi identificado em 2023, com 332.422 espetadores. No entanto, se se tiver em consideração os anos entre 2019 e 2024, o número mais alto foi obtido em 2019, com 700.761 espetadores e, em sentido inverso, o número mais baixo foi encontrado em 2020, com 133.079 espetadores. Contudo, no que diz respeito à quota de mercado alusiva aos espetadores, observou-se que a maior quota foi conquistada em 2022, com 5,6 por cento, e, em contraposição, a menor quota foi encontrada em 2023, com 2,7 por cento.
A propósito das receitas brutas do cinema português, averiguou-se que, entre os anos 2022 e 2024, a maior receita foi conseguida no ano de 2024, com um valor de 3.071.696.32 euros e, pelo lado oposto, a menor receita foi verificada, em 2023, com um valor de 1.548.038,94 euros. Todavia, em termos percentuais, a maior quota de mercado foi atingida no ano de 2022, com 5,1 por cento e, em contraponto, a menor quota foi identificada em 2023, com 2,1 por cento. Considerando o período entre 2019 e 2024, a melhor receita bruta foi apurada no ano de 2019, com um valor de 3.480.418,04 euros e, de maneira inversa, a mais baixa foi obtida em 2020, com um valor de 630.105,93 euros. Ainda assim, em termos relativos, a maior quota de mercado referente às receitas brutas foi observada em 2022, com 5,1 por cento e, pelo lado contrário, a menor quota foi registada em 2023, com 2,1 por cento.
Referências Bibliográficas
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