Capítulo / Chapter I | Cinema – Arte / Art

23.16 : Iterating Identity Through Art and Technology

23.16 : Iteração da identidade através da arte e da tecnologia

Margarida Bezerra Bastos

Faculdade de Belas Artes – Universidade do Porto
Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo – IPP
Portugal

Abstract

In this paper, I will reflect on “23.16”, a research project that delves into autobiographical memory, technology, and installation art, developed during the Master’s in Fine Arts at FBAUP. This investigation intersects with the conference’s focus on the arts and memory. Anchoring my methodology in autoethnography, I manipulate personal materials—sound and memory—employing a strategy of transfer and iteration within a network of devices. This creates a mise-en-abîme that bridges various artistic languages and forms. The work embodies a living inquiry into Judith Butler’s narrative of self as articulated in “Giving an Account of Oneself,” scrutinizing the iterative process of self-narrative and the persistent metamorphosis of identity. The project is further informed by Paul B. Preciado’s reflections on the imbrication of technology and identity, alongside Gilbert Simondon’s notions of transduction and perpetual becoming. The philosophical paradox of Theseus’ ship serves as a conceptual metaphor within my work, posing inquiries about identity’s endurance and transformation. This metaphor extends to challenge the identity of the project itself, questioning whether it retains the essence of a singular work despite the continuous substitution of auditory and visual forms. The project materializes in multimedia installations that, emanating from the same auditory roots, conjure seemingly dystopian versions of reality and memory. The installations are a testament to the performative nature of memory and the cinematic transformation of sound into image, and subsequently, into moving images. In dialogue, I aim to reflect on the generative possibilities of this experimental process—how the critical discourse may contribute to the research’s evolution.

Keywords: Autobiographical Memory, Identity, Autoethnography, Arts-based Research, Installation Art.

Introdução

No intervalo entre som e silêncio, memória e perceção, o projeto de investigação “23.16” serve como uma procura que explora e expande entendimentos de memória autobiográfica, perceção mediada e a essência da identidade por meio da pesquisa artística. Concebida no ambiente académico, esta investigação cria um espaço onde a tecnologia e a narrativa pessoal se fundem, formando uma expressão artística que desafia a compreensão do espectador sobre si como um work in progress, um conceito conhecido como “devir”que se revê em posições artísticas antecedentes como o “Contínuos Project Altered Daily”de Robert Morris (1993) ou no “Art as Life”de Allan Kaprow (2008). Central ao projeto é a relação do som e da imagem com a memória.

A relação entre imagem e memória tem sido um ponto focal na arte contemporânea, particularmente em práticas que envolvem transformar experiências diárias em práticas expositivas. Desenvolvo o “23.16” desde meados de 2022 e tenho materializado em várias instalações, servindo como uma investigação reflexiva sobre esta interseção intricada ao utilizar gravações diárias de som para gerar imagens visuais e vídeos que se tornam matéria para obras de instalação. Este texto pretende explorar os fundamentos teóricos e as implicações artísticas desta prática, traçando conexões com conceitos-chave como identidade ou memória, e obras de artistas como Casey Reas, Ryoji Ikeda, Christian Marclay e Carsten Nicolai. Ao examinar o papel da memória e da construção narrativa na media audiovisual, este texto destacará como “23.16” contribui para o discurso mais amplo sobre memória pessoal e coletiva.

A integração de som e mídia visual na minha prática cria uma plataforma dinâmica para explorar como a memória é construída, transformada e representada. Como Joan Gibbons nota em Contemporary Art and Memory: Images of Recollection and Remembrance, “a arte da memória é essencialmente uma arte visual e assim permaneceu por séculos” (Gibbons, 2007, p. 2). Esta afirmação sublinha a importância histórica e contínua da representação visual no contexto da memória, fornecendo uma estrutura para entender a transformação de experiências auditivas em formas visuais. Richard Smith explora ainda mais a natureza performativa da memória, sugerindo que “a memória não é apenas uma recolha estática, mas um processo ativo de engajamento com o passado” (Smith, 2002, p. 3). Essa perspectiva alinha-se com os aspetos iterativos e performativos de “23.16,” onde gravações diárias e suas transformações visuais criam uma narrativa contínua que evolui ao longo do tempo. Exploro relações entre memória, performatividade e iteração e procurando compreender como estas relações se cruzam percebi que muitos autores (Schacter, 2001) afirmam que o próprio ato de recordar transforma a memória: o que armazenamos no cérebro não é prova definitiva da experiência vivida ou do facto. Novas experiências e factos acumulados modificam a recordação, e os vínculos dentro das células do sistema nervoso. Muitos sistemas neuronais desempenham um papel na memória autobiográfica (Rubin, 2005) propõe que este processo numa multiplicidade de sistemas implica uma tendência para a montagem, e pode ser evocado através de montagem, justaposição e instalação de vídeo.

Sobre o Projeto “23.16” e suas Bases Teóricas

“23.16” é um projeto de pesquisa artística desenvolvido durante o meu Mestrado em Belas Artes na FBAUP. Envolve gravações diárias de áudio feitas precisamente às 23:16, que são então transformadas em imagens visuais e vídeos utilizando várias ferramentas de software. Estas gravações servem como material bruto para uma série de instalações multimédia que exploram a natureza iterativa da auto-narrativa e da identidade. A metodologia do projeto está enraizada na autoetnografia, permitindo uma exploração profundamente pessoal da memória e da identidade através da manipulação do som e da memória.

Os fundamentos teóricos de “23.16” derivam de uma intersecção de conceitos, incluindo a identidade performativa de Judith Butler, as reflexões de Paul B. Preciado sobre tecnologia e identidade, e as noções de transdução e devir perpétuo de Gilbert Simondon. Além disso, o paradoxo filosófico do navio de Teseu serve como uma metáfora conceitual para a exploração do projeto sobre a durabilidade e transformação da identidade. Estas estruturas fornecem lentes críticas através das quais se pode examinar os temas e métodos do projeto (Butler, 2005; Preciado, 2013; Simondon, 1992).

O Paradoxo da Identidade: O Navio de Teseu

O paradoxo do navio de Teseu, um exemplo do pensamento filosófico que levanta questões sobre identidade, persistência e mudança, é considerado aqui uma metáfora que cria um paralelo conceptual para questionar o meu método de iteração e a substituição permanente de formas de audição/visualização por outras, interrogando se o projeto mantém a identidade de uma obra única. No paradoxo do navio de Teseu questiona se um objeto que teve todas as suas partes substituídas ainda mantém a mesma identidade. O paradoxo é baseado na história de Teseu, um herói grego que navegou num navio chamado Argo. Com o tempo, conforme o navio passava por reparos e substituições, todas as partes do navio original foram eventualmente substituídas. O paradoxo questiona se o navio em que Teseu navegou é o mesmo que existe hoje, já que não resta nenhuma de suas partes originais. O paradoxo surge porque existem duas maneiras opostas de ver a identidade e a persistência: uma visão sustenta que a identidade depende da continuidade da substância material, enquanto a outra sustenta que a identidade depende da continuidade da forma ou função. Se considerarmos o primeiro ponto de vista, então o navio de Teseu não é o mesmo, uma vez que nenhuma de suas partes originais permanece. Mas, se adotarmos a última visão, então o navio de Teseu é o mesmo, pois continua a servir à mesma função e tem a mesma forma. O paradoxo do navio de Teseu destaca a tensão entre o materialismo (a ideia de que a identidade depende da substância material) e o funcionalismo (a ideia de que a identidade depende da forma e da função) e levanta importantes questões filosóficas sobre a natureza da identidade, persistência e mudança. Este paradoxo é facilmente aplicado a questões de identidade. Este dilema filosófico é relevante para o meu projeto “23.16,” que envolve a substituição contínua de formas auditivas e visuais.

Judith Butler: Identidade Narrativa

A investigação de Judith Butler sobre a formação do eu apresenta um conceito de identidade narrativa, um tema recorrente em várias das suas obras, onde explora como os indivíduos se compreendem a si próprios e são reconhecidos pelos outros através das narrativas que contam sobre as suas vidas. Procurarei sintetizar a exploração da identidade narrativa por Butler, tal como articulada em “Giving an Account of Oneself” (2005), “Senses of the Subject” (2015) e “Undoing Gender” (2004), tentando perceber como a narrativa forma o núcleo da construção da identidade e as dimensões éticas entrelaçadas com a auto-narração. Butler explora a ideia de identidade narrativa, sugerindo que o eu é formado e reconfigurado continuamente através de práticas narrativas. A identidade narrativa que ela descreve não é uma história totalmente coerente nem uma identidade fixa, mas um ato contínuo de negociação e reinterpretação. A auto-narração, segundo Butler, está intrinsecamente ligada à ética, pois o ato de narrar a si mesmo envolve um endereçamento a um outro, um reconhecimento implícito da presença do interlocutor. Esta relacionalidade é central para a constituição do self: o eu torna-se um ‘eu’ apenas em relação a um ‘tu’ e dentro do quadro social que a linguagem proporciona. Neste sentido, a narrativa não é apenas uma história que contamos, mas um ato performativo que nos liga eticamente aos outros. A esta luz, a identidade narrativa é um fenómeno dinâmico e social. Este conceito é central para “23.16” onde cada gravação e transformação visual contribui para a evolução da auto-narrativa.

Paul B. Preciado: Reflexões sobre Tecnologia e Identidade

Paul B. Preciado (2013) explora como a tecnologia influencia e redefine a identidade, especialmente no contexto das relações de poder e do corpo. Elo argumenta que tecnologias biomédicas, farmacológicas e digitais desempenham um papel crucial na construção e desconstrução das identidades contemporâneas. Preciado propõe que as identidades são constantemente moldadas e re-moldadas pelas tecnologias que interagem com os nossos corpos e mentes. O projeto “23.16” espelha as reflexões de Preciado de várias maneiras. A tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas parte integrante do processo artístico, exemplificado pelo uso de software para transformar gravações diárias de som em imagens visuais. Preciado sugere que tais tecnologias têm o poder de alterar perceções e identidades, alinhando-se com a transformação da experiência auditiva em representações visuais no projeto. Além disso, elo argumenta que a identidade está em constante devir, moldada por interações contínuas com tecnologias diversas. Em “23.16” cada nova gravação e transformação visual adiciona uma nova camada à narrativa do self, refletindo a ideia de identidade dinâmica de Preciado.

Gilbert Simondon: Individualização e Devir

Gilbert Simondon (1992). apresentou uma perspetiva revolucionária sobre a formação da individualidade, desafiando os modelos tradicionais e estáticos de identidade que há muito dominam o pensamento ocidental. Simondon introduz o termo “individuação”, que se refere ao processo dinâmico e nunca completo pelo qual um ser se torna um indivíduo. Este processo é caracterizado por uma natureza pré-individual, em que os seres possuem uma riqueza de potencialidades antes da atualização da individualidade. Outro termo que ele introduz é o da “transdução”, um mecanismo fundamental que descreve como uma estrutura ou operação sofre uma transformação de um domínio para outro, levando à emergência da individualidade num ser. A “ontogénese”, outro aspeto crítico do pensamento de Simondon, refere-se ao devir de um ser, sugerindo que o desenvolvimento de um indivíduo não é uma mera criação, mas sim um desdobramento contínuo influenciado por vários fatores internos e externos. Este processo é refletido em “23.16,” onde as iterações constantes representam a evolução perpétua da identidade.

Reflexão Crítica

A memória, tal como explorada em “23.16” é inerentemente performativa. O ato de gravar, editar e apresentar memórias pessoais transforma-as em uma forma de arte performativa. Este aspeto performativo é central para a metodologia do projeto, enfatizando o papel ativo do artista em moldar e reinterpretar sua própria narrativa. Ao apresentar estas instalações, cria-se um espaço dinâmico onde memórias pessoais e coletivas se intersectam, convidando os espectadores a se envolverem com a narrativa evolutiva do self (Butler, 2005; Halbwachs, 1992).

A memória autobiográfica liga-nos a lugares, pessoas, detalhes sensoriais-percetivos de eventos (memória episódica) e factos (memória semântica) como quando nascemos ou onde estudamos. O psicólogo cognitivo Daniel Schacter (2001) vê essa informação como interpretação pessoal em vez de registo verídico, afirmando que a consciência e a reconstrução das experiências pessoais do indivíduo dependem de outras capacidades mentais. “23.16” como obra processo e em constante devir, oferece uma visão da natureza mutável da memória autobiográfica e da construção performativa da identidade. O projeto, através do seu ritual noturno de gravação de áudio e de transferências e edições (i.e., a transdução), transforma a experiência pessoal em instalações com dimensão espacial, temporal, sonora e visual. A metodologia, enraizada na auto-etnografia e no hiper-desenho, suporta um processo dinâmico em que os sons gravados não são meramente arquivados, mas reinterpretados e transformados em uma nova forma de expressão artística. O áudio não é apenas meio de registo, mas matéria e, por vezes, resultado (Schacter, 2001).

Apresentações do 23.16

“23.16” foi exibido em várias instalações experimentais que exploravam a transformação do som em imagem. Cada instalação utilizava a metodologia de gravação diária e transformação visual para criar uma narrativa contínua e em evolução, refletindo a natureza dinâmica e performativa da memória autobiográfica e da identidade.

Figura 1 – Transformações de Som em Imagem, Margarida Bezerra Bastos - Atelier (PT).
Figura 2 – Transformações de Som em Imagem, Margarida Bezerra Bastos - Atelier (PT).

Vozes da Paisagem

A primeira apresentação pública fora do contexto académico de “23.16” ocorreu na exposição “Vozes da Paisagem”, comissariada por Pedro Maia, inaugurada a 6 de dezembro de 2023 no Pavilhão de Exposição da FBAUP. Nesta exposição, é apresentada uma instalação com vários monitores onde se pode observar leituras variadas das gravações áudio, sete dos monitores de escalas e formatos diferentes apresentavam as imagéticas criadas a partir do processo de iteração e transdução que fazem parte da natureza e do processo exploratório da pesquisa, contudo o monitor de vídeo Panasonic que encima da instalação está a fazer a leitura direta da trilha sonora audível da instalação (uma compilação cacofónica de vozes e sons do quotidiano feita a partir das gravações)

Figura 3 – “Vozes da Paisagem”, Pavilhão de Exposição da FBAUP, Margarida Bezerra Bastos.

Chão que Pega

A segunda apresentação foi na exposição “Chão que Pega” (12/01/2024 a 23/01/2024) na Junta de Freguesia do Bonfim. A instalação consiste em 3 monitores correspondentes a 3 composições feitas a partir dos áudios. As categorias das composições foram “Família,” “Passeio,” e “Media,” cada uma representando diferentes tipos de ambientes sonoros apresentados nas gravações áudio. As composições eram acompanhadas de visualizações em monitores, gerando hiper-desenhos auto-gerados por códigos que refletiam as características dos inputs sonoros. O som era ouvido através de headphones, criando uma experiência isolada e imersiva para cada observador

Figura 4 – “Chão que Pega”, Junta de Freguesia do Bonfim., Margarida Bezerra Bastos.

Estas apresentações evidenciam a evolução do projeto “23.16,” mostrando como a iteração do som capturado às 23:16 e transformado em diversos formatos visuais e auditivos, explora intersecções entre memória, identidade e tecnologia através da prática artística.

Como mencionado anteriormente o projeto de pesquisa e investigação assenta em referências teóricas e práticas como o caso de Casey Reas e Ryoji Ikeda que são dois artistas cujas obras têm uma relação significativa com o projeto “23.16”. Casey Reas, um dos fundadores do software de programação visual Processing, cria obras que exploram a estética dos processos algorítmicos. As suas criações, frequentemente resultantes da manipulação de dados e do uso de códigos, inspiram-se na ideia de que a arte pode emergir da interseção entre sistemas e a interpretação humana. Este enfoque ressoa com “23.16”, onde a transformação de gravações de som diárias em imagens visuais através dos softwares exemplifica uma convergência semelhante de tecnologia e arte para gerar novas formas de expressão visual.

Ryoji Ikeda, por outro lado, trabalha no limiar do som e da imagem, criando instalações audiovisuais que frequentemente envolvem a transformação de dados em experiências sensoriais. As suas obras, como “Data.scape” e “Test Pattern,” transformam informações digitais em paisagens visuais e sonoras imersivas, enfatizando a relação entre som, espaço e percepção visual. O projeto “23.16” encontra eco nesta abordagem, pois também transforma dados auditivos em visuais, criando uma narrativa contínua e evolutiva que questiona e explora a memória e a identidade através das suas iterações diárias.

Estas conexões com Reas e Ikeda sublinham a importância da intermedialidade e da experimentação com dados e tecnologias digitais no projeto “23.16”, reforçando a ideia de que a identidade e a memória são processos dinâmicos e em constante transformação, moldados pelas ferramentas e técnicas que utilizamos para as explorar e expressar.

O uso inovador de som e imagem por Christian Marclay em obras como “The Clock” demonstra como a media audiovisual pode criar formas de narrativa temporal. A prática de Marclay de transformar experiências auditivas em arte visual espelha a abordagem adotada em “23.16” destacando o potencial deste método para capturar o fluxo da vida cotidiana e da memória pessoal. Carsten Nicolai, também conhecido como Alva Noto, trabalha extensivamente com som e arte visual, frequentemente traduzindo frequências sonoras em padrões visuais. As instalações de Nicolai enfatizam a relação entre som, imagem e percepção, criando experiências imersivas que envolvem múltiplos sentidos. Esta prática alinha-se com a transformação de gravações de som em arte visual em “23.16,” enfatizando a interconexão das modalidades sensoriais.

Conclusão

Esta reflexão passou pelo paradoxo do Navio de Teseu e navegou pelas correntes de pensamento contemporâneas apresentadas por Butler e Simondon até chegar ao espaço expositivo. O paradoxo serviu de âncora metafórica, questionando a essência da identidade através das lentes da continuidade e da mudança. O conceito de performatividade de Butler introduziu uma dimensão narrativa à identidade, enfatizando sua fluidez e os roteiros socioculturais que os indivíduos encenam. A teoria da individuação de Simondon trouxe à tona a noção de pré-indivíduo e o processo contínuo de devir, que enquadra a identidade como uma narrativa em constante desdobramento, moldada pelas interações com o ambiente circundante. As exposições culminam a relação direta que todas estas teorias refletem no projeto “23.16”

Referências Bibliográficas

Butler, J. (2004). Undoing Gender. Routledge.

Butler, J. (2005). Giving an Account of Oneself. Fordham University Press.

Butler, J. (2015). Senses of the Subject. Fordham University Press.

Gibbons, J. (2007). Contemporary Art and Memory: Images of Recollection and Remembrance. I.B. Tauris.

Halbwachs, M. (1992). On Collective Memory. University of Chicago Press.

Kaprow, A. (2008). Art as Life. University of California Press.

Morris, R. (1993). Continuous Project Altered Daily. MIT Press.

Preciado, P. B. (2013). Testo Junkie: Sex, Drugs, and Biopolitics in the Pharmacopornographic Era. The Feminist Press at CUNY.

Rubin, D. C. (2005). Memory in Oral Traditions: The Cognitive Psychology of Epic, Ballads, and Counting-out Rhymes. Oxford University Press.

Schacter, D. L. (2001). The Seven Sins of Memory: How the Mind Forgets and Remembers. Houghton Mifflin Harcourt.

Simondon, G. (1992). Du mode d’existence des objets techniques. Aubier.