Capítulo / Chapter III | Cinema – Comunicação / Communication

The emergency remote teaching of audiovisual: report of an experience at the Federal Institute of Brasilia - Campus Recanto das Emas (DF / Brazil)

O ensino remoto emergencial do audiovisual: relato de experiência do Instituto Federal de Brasília - Campus Recanto das Emas (DF / Brasil)

Juliana Lopes da Silva

Instituto Federal de Brasília, Brasil

Edileuza Penha de Souza

Instituto Federal de Brasília, Brasil

Abstract

Since the second half of 2020, due to the COVID-19 pandemic, we have been challenged to think about audiovisual teaching remotely for professional practice disciplines of a technical course on ‘Audio and Video Production’ at the Federal Institute of Brasilia, campus Recanto das Emas. These disciplines enable our students, young residents from the Brazilian capital peripheries, to experience the complete cycle of making a short film (documentary, fiction, or experimental) based on their ideas and original scripts. This article reports the film development stages, the students’ experiences, and our approach to teaching audiovisual remotely during the pandemic in the aforementioned disciplines. In this sense, we will present the project methodology we have built over the last three semesters (2020/2021) and explore the relationship between audiovisual and education for academic and professional training.

Keywords: Audiovisual, Emergency Remote Teaching, Professional Practice, Federal Institute of Brasília, experience report.

Introdução

O cinema opera uma espécie de ressurreição da visão primitiva do mundo, permite, tolera e inscreve o fantástico no real
Edgar Morin (2003, p. 19)

Entre os anos de 2003 e 2014, os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Presidenta Dilma Rousseff criaram 18 novas universidades federais e 173 campus universitários e 422 Institutos Federais. Até então, essas instituições de ensino estavam centralizadas nas capitais dos estados e do Distrito Federal. Nunca, em nenhum momento da história do Brasil, investiu-se tanto numa educação para todos, inclusive na expansão do ensino básico e superior nas periferias e interior do país. Somente no Distrito Federal, foram criadas dez unidades do Instituto Federal de Brasília (IFB): Brasília, Ceilândia, Estrutural, Gama, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião e Taguatinga.

Fruto dessa política de expansão do ensino público brasileiro, o Campus IFB Recanto das Emas foi o último a ser inaugurado, no ano de 2018, após realização de audiência pública com a comunidade para a implantação do, naquela ocasião, futuro campus do Instituto Federal de Brasília. Na audiência, afirmou-se a vocação do território para as artes e a cultura onde foi “apontada a existência de diversas iniciativas voltadas para produção cultural”, como “vários grupos de teatro, dança, música, produção de vídeos, produtores musicais, rádios” (IFB, 2017, p. 21), o que resultou na escolha pela comunidade do Eixo Tecnológico de Formação Profissional em Produção Cultural e Design, com a oferta do Curso Técnico em Produção de Áudio e Vídeo em três modalidades: Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio, Curso Técnico Integrado para Jovens e Adultos (Proeja) e Curso Técnico Subsequente1. A formação técnica profissional em audiovisual, permite que os(as) estudantes, saiam prontos para ingressarem no mercado de trabalho.

Após apenas dois anos de funcionamento, na pandemia da Covid-19, as aulas presenciais foram suspensas e adotou-se o ensino remoto emergencial como estratégia pedagógica para redução dos impactos do isolamento social sobre a aprendizagem dos(as) estudantes. Entre os anos de 2020 e 2021, durante três semestres letivos, ministramos conjuntamente disciplinas de Práticas Profissionais, no Curso Técnico Subsequente em Produção de Áudio e Vídeo, por meio das plataformas digitais. No currículo pedagógico do curso, essas disciplinas têm como objetivo articular a teoria e a prática da produção audiovisual orientadas à uma formação para o mercado de trabalho. Antes da pandemia, as disciplinas vinham sendo ministradas no formato presencial, com a proposta de serem um espaço de integração com as demais disciplinas do curso, além de se constituírem como experimentação para os(as) estudantes na realização de um filme.

Contudo, no contexto da pandemia da Covid-19, com a suspensão das aulas presenciais e a implementação do ensino remoto emergencial, a questão principal reputada para os(as) professores(as) do colegiado de formação audiovisual foi a de como garantir o ensino do audiovisual sem o acesso ao estúdio, equipamentos e laboratórios de edição do Campus. E, para nós, professoras responsáveis por ministrar disciplinas de Práticas Profissionais naquele momento, a pergunta que nos fazíamos era: como proporcionar aos (as) estudantes a experiência de realizar filmes por meio de formas remotas de produção?

A escrita deste relato de experiência surge da necessidade de refletirmos sobre a nossa prática docente nas disciplinas de Práticas Profissionais no ensino remoto emergencial do Curso Técnico Subsequente em Produção de Áudio e Vídeo do Instituto Federal de Brasília. O artigo contextualiza a Região Administrativa do Recanto das Emas2, apresenta o perfil dos(as) estudantes e os percursos construídos para que fosse possível a realização da prática cinematográfica.

Apresentamos todas as sinopses dos filmes que foram orientados por nós e concluídos, destacamos a fruição de diferentes gêneros (documentário, ficção e experimental) e mostramos como essas produções dialogam com a situação de vulnerabilidade dos(as) estudantes. Sem tempo e espaço para aprofundarmos as análises fílmicas, esperamos que os(as) leitores(as) percebam as múltiplas linguagens e temáticas dessas produções, assim como possam perscrutar como nós professoras(es) do audiovisual podemos propiciar reflexões sobre uma sociedade e, consequentemente, um cinema, que seja comprometido com o combate às múltiplas variantes da violência e com potencial pedagógico das histórias que podem transformar e/ou enaltecer a vida dos (as) estudantes.

O Recanto das Emas e o perfil dos (as) estudantes

A Região Administrativa Recanto das Emas foi criada em 1993 com intuito de atender o programa de assentamento do Governo do Distrito Federal e erradicar, principalmente, as ocupações irregulares localizadas em Brasília. Hoje, o Recanto das Emas tem uma população estimada em 130 mil habitantes (DISTRITO FEDERAL, 2019) e o Índice de Desenvolvimento Humano está entre os mais baixos do Distrito Federal (REDE, 2019).

Diferentes indicadores socioeconômicos podem contribuir para a contextualização do Recanto das Emas como um território periférico, afastado das regiões centrais de Brasília, desassistido pelo poder público em vários serviços essenciais. Dentre tais dados, destaca-se que 32% da população entre 18 e 29 anos não trabalha e nem estuda (DISTRITO FEDERAL, 2019), indicando a vulnerabilidade social dos jovens e, principalmente, uma relativa falta de perspectiva de inserção no mercado de trabalho.

Outros indicadores que contribuem com a compreensão do contexto socioeconômico do Recanto das Emas são os da composição da escolaridade da população com 25 anos ou mais, que indica que 33% da população tem ensino médio completo, enquanto 29% aparece com ensino fundamental incompleto (DISTRITO FEDERAL, 2019). A distribuição do rendimento bruto do trabalho principal por faixas de salário mínimo demonstra uma concentração de rendimento na faixa de renda entre 1 e 2 salários mínimos (DISTRITO FEDERAL, 2019). A interpretação dos dados de escolaridade e renda, associada à percepção do percentual da população que não trabalha e nem estuda, pode indicar a importância da existência do IFB Campus Recanto das Emas para a implementação de políticas públicas de educação e de formação para o mercado profissional no território.

Para ingresso nos cursos técnicos de Produção de Áudio e Vídeo do IFB Recanto das Emas, os (as) estudantes passam por um processo seletivo, realizado por meio de sorteio eletrônico, sendo metade de suas vagas reservadas para ações afirmativas institucionais (vagas para pessoas com deficiência e da agricultura familiar) e legais (vagas para pessoas egressas das escolas públicas, com renda familiar bruta igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo per capita e para estudantes que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas)3. Por semestre, são abertas 80 vagas para o Curso Técnico Subsequente em Produção de Áudio e Vídeo, sendo 160 vagas por ano, com grande concorrência.

Em geral, estudantes do IFB - Recanto das Emas são oriundos das periferias de diversas Regiões Administrativas do Distrito Federal. Essa diversidade territorial é responsável por uma multiplicidade de olhares e contrastes de experiências de vida. Nossa opção de apresentar o perfil de nossos/as estudantes baseia-se no entendimento de que fazer cinema, consiste também, na possibilidade de contarmos nossas próprias histórias, de saber quem e como somos. O fazer cinema unifica e transforma discursos e práticas que ensejam, simultaneamente, o encontro da tecnologia, da arte e da vida (TRUFFAUT, 1989).

O perfil dos/as estudantes do Curso Técnico Subsequente em Produção de Áudio e Vídeo se diferencia primeiramente de acordo com os turnos, vespertino ou noturno. Enquanto as turmas vespertinas são compostas, em sua maioria, de jovens entre 17 e 24 anos que acabaram de concluir o Ensino Médio, as turmas do turno noturno são formadas por pessoas em média de 30 a 40 anos de idade. Outra característica é que muitos estudantes do turno vespertino, paralelo ao curso curso técnico, fazem alguma graduação, no geral, nas áreas de humanas. Por outro lado, no turno noturno, são poucos os que concluíram ou cursam uma graduação. Ambas as turmas são formadas por mulheres e homens. Entretanto, no turno vespertino há um equilíbrio entre os sexos masculino e feminino, enquanto que, no noturno, predominam pessoas do sexo masculino. Um outro dado dos turnos, é que no quesito raça, em ambas as turmas, observa-se uma maioria branca.

Em relação à prática audiovisual, na turma da tarde, a maioria não tem experiência profissional com o audiovisual, enquanto que, na turma da noite, muitos já trabalham na área e buscam um certificado do curso técnico e especializar-se em uma área do audiovisual. Em ambas as turmas, a experiência de assistir filmes ocorre predominantemente nas plataformas de compartilhamento de vídeos ou de streaming, sendo baixa ou nenhuma a frequência às salas de cinema e aos festivais/mostras de cinema e audiovisual. As informações apresentadas sobre o perfil dos estudantes do IFB Campus Recanto das Emas são fruto de nossas percepções em sala de aula enquanto professoras e também da avaliação diagnóstica feita no início de cada semestre com as turmas ingressantes.

O desafio de uma metodologia de experimentação em cinema na pandemia

A relação entre cinema e educação apresenta diferentes perspectivas, a depender de como a sociedade/escola concebe os sentidos da educação. Se por um lado a ênfase do aprendizado está concentrada unicamente nos conteúdos curriculares; por outro, a visão de educação está no sentido de ampliar as referências culturais dos(as) estudantes. Rogério Almeida (2017) ressalta uma série de pesquisas que fundamentam o uso e a importância do cinema na escola. Para o autor, o cinema consiste em um instrumento mediador entre os(as) estudantes e diferentes conteúdos, como possibilidade de despertar o interesse pelo conhecimento a fim de desenvolver a criticidade. Desse modo, o ver e o produzir cinema na escola permite a professores(as) e estudantes o desenvolvimento criativo, afetivo, intelectual e estético (ALMEIDA, 2017). O professor Marcos Napolitano afirma: “Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (NAPOLITANO, 2003, p.11).

As disciplinas Prática Profissional I, II, III, e IV têm como objetivo articular a teoria e a prática da produção audiovisual. Assim, mesmo compreendendo a gravidade e limitações do ensino remoto emergencial, propomos um componente curricular em que os(as) estudantes pudessem experimentar todo o processo criativo de realização de um curta-metragem (sinopse, roteiro, preparação, pré-produção, filmagem, edição de imagem e som, finalização e exibição). Guiadas pela relação entre cinema e educação e pelo compromisso de ensinar e aprender juntas, partimos para pôr em prática uma metodologia integradora e afetiva dos aspectos visual e artístico necessários para o processo de realização de um filme (MOLETTA, 2009).

O primeiro passo foi possibilitar que os(as) estudantes entendessem que o cinema é uma arte coletiva. E, como arte, exige planejamento, dedicação e trocas para ser efetivada. Como estratégia de integração da turma propomos que eles pensassem num tema gerador capaz de acolher suas realidades, desejos e sonhos. Desse modo, explicamos a função agregadora das propostas e mediamos o debate em que os(as) estudantes elegeram temas relacionados com as memórias, cotidianos, trajetórias, afetos, territórios e identidades das periferias. Tema gerador definido, esse foi também o momento de apresentarem suas ideias. Desse modo, individualmente ou em dupla, todos foram estimulados a escrever uma sinopse do filme que desejavam realizar.

Ensinar não é transferir a inteligência do objeto ao educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido. É nesse sentido que se impõe a mim escutar o educando em suas dúvidas, em seus receios, em sua incompetência provisória. E ao escutá-lo, aprendo a falar com ele (FREIRE, 2005, p. 119).

Passadas as primeiras aulas, foi a vez das apresentações orais individuais ou em duplas, para que todos tomassem conhecimento das sinopses, que apresentavam uma melhor compreensão das propostas dos filmes. Essa dinâmica permitiu que os grupos fossem formados a partir de afinidades pessoais e interesse com os temas. De forma voluntária, algumas propostas eram naturalmente retiradas.

Observamos que o repertório fílmico da maioria dos(as) estudantes, quando chegam ao Campus, está circunscrito aos filmes comerciais estadunidenses e/ou as linguagens televisivas e de streaming. Nesse sentido, buscando proporcionar uma ampliação de repertório, trouxemos para a sala de aula o visionamento de curtas brasileiros com temáticas que se conectassem ao tema gerador e realizados por cineastas mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+. A exibição desses filmes em contexto pedagógico possibilitou o debate e a ampliação dos olhares em relação ao cinema brasileiro, permitindo inclusive que os grupos criassem seus processos cinematográficos, pois como afirma Galeno:

O segredo, o mistério, os não-ditos atiçam nossa curiosidade, mobilizam nossa curiosidade, mobilizam nossos desejos sobre esses ídolos que aprendemos a cultivar, desde a primeira vez que entramos numa sala de cinema. Queremos ser como eles, ao mesmo tempo, nos afastamos deles, pois sabemos, de antemão, que a tela imaginaria jamais se converterá na tela real em que se movem as ações cotidianas. É esse processo de identificação-diferenciação que o cinema nos proporciona. (GALENO et al., 2008, p. 138).

As aulas semanais na plataforma Google Meet duravam em média três horas, que dividíamos em duas partes. Na primeira, apresentamos o conteúdo, com aulas expositivas; na segunda, dedicamo-nos ao atendimento individual aos grupos. Os atendimentos possibilitaram não apenas ouvirmos as questões trazidas pelas equipes. Eles sobretudo proporcionaram o estreitamento da confiança e interação com as equipes. Essa intimidade estabelecida foi elementar para que pudéssemos debater com serenidade a questão: “Que histórias queremos contar sobre nós e nossas comunidades?”.

Essa questão norteou o segundo momento da disciplina, que foi dedicado à elaboração dos argumentos e roteiros dos filmes. Buscamos entender onde, como e quando aconteciam as histórias a serem contadas e construímos espaços de reflexões sobre o objetivo da produção fílmica na periferia do Distrito Federal. A serviço de quem estamos fazendo cinema? Como nossos filmes podem contribuir com novas linguagens numa cidade onde o medo e a violência fazem parte do cotidiano? Ao responderem essas perguntas, refletimos coletivamente sobre as imagens e os estereótipos que fazem parte do olhar sobre as periferias, ao mesmo tempo, em que os(as) estudantes refletiam sobre seus próprios preconceitos e visões sobre temas como racismo, misoginia, feminicídio, violência doméstica, LGBTfobia e outros.

Com a finalização dos roteiros, iniciamos o planejamento da pré-produção dos filmes. De forma integrada com a disciplina teórica de produção audiovisual, cada grupo desenvolveu o plano de produção do seu curta-metragem. Inicialmente, foi realizado o levantamento de todas as questões logísticas e práticas necessárias para a realização do filme: equipe técnica, atores/atrizes, equipamentos, locações, cenário, figurino, objetos de cena e materiais diversos. Em seguida, foi feita a elaboração do cronograma de produção com a definição das datas e atividades necessárias em cada uma das etapas do processo de elaboração fílmica: pré-produção, produção e pós-produção. Também neste momento organizavam-se as funções de cada equipe. Este processo acontecia de forma orgânica, de modo que , pouco a pouco, os (as) estudantes compreendiam as funções técnicas e artísticas presentes na construção de um filme e definiam em qual delas gostariam de se posicionar. Do ponto de vista da nossa metodologia, procuramos incentivar que a formação das equipes não reproduzisse os modelos autorais e hierárquicos presentes no mercado do cinema, mas que essas fossem horizontais. Assim, estimulados a uma experimentação, os grupos permitiam-se à vivenciarem suas próprias descobertas:

Qualquer filme supõe, igualmente, uma composição e uma organização; as duas atividades absolutamente não implicam o alinhamento em estruturas convencionais. A importância do cinema provém precisamente do fato de ele sugerir com insistência a ideia de uma linguagem de um novo tipo, diferente da linguagem verbal (AUMONT, 2009, p. 175).

O planejamento das filmagens envolveu mais diretamente a integração das disciplinas de Práticas Profissionais com as disciplinas do primeiro módulo do Curso Técnico Subsequente de Produção de Áudio e Vídeo: Acessibilidade audiovisual; Equipagem e Manutenção; Fotografia; Iluminação Básica; Linguagem Audiovisual e Produção Legislação e Ética no Audiovisual, que foram fundamentais para integração e conhecimentos. Neste momento, cada disciplina subsidiava as equipes na elaboração dos documentos de filmagem: Decupagem, Boletim de Equipamentos, Mapa de Luz, Cronograma de Filmagem e Ordem do Dia. A formulação desses documentos pelas equipes também correspondia às avaliações integradas de cada uma das disciplinas com o processo de realização do curta-metragem nas práticas profissionais. Orientava-se também os(as) estudantes em questões relacionadas com o direito autoral e de imagem, bem como temas relacionados ao estabelecimento de parcerias e apoios locais para as produções.

Além da integração com as disciplinas técnicas e teóricas do ensino do audiovisual, contamos com a participação efetiva de Bárbara Campos e Luiz Macedo (estudantes monitores), na orientação pedagógica e técnica às equipes de forma remota e presencial. Ao longo dos semestres, convidamos diversos profissionais do mercado audiovisual do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, que realizaram oficinas práticas, integradoras e afetivas: as professoras Gaia Schuller, Juliane Peixoto, Marcela Borela e o diretor e roteirista Bruno Victor ministraram oficinas de roteiro4; as produtoras Bethania Maia e Sílvia Sobral ofereceram oficinas de pré-produção; e o diretor e professor de fotografia Júlio Castro ofereceu uma oficina de produção de set de filmagem. A colaboração desses profissionais com a disciplina reforçava a construção de um espaço coletivo de compartilhamento dos saberes e fazeres de cinema.

Com o avanço da vacinação no Brasil e o arrefecimento da pandemia da Covid-19, algumas atividades presenciais se tornaram possíveis. Com isso, nos dois últimos semestres (2021/2022), foi possível realizar o empréstimo dos kits de equipamentos5 do Campus para as filmagens. Essa logística recebeu o apoio das coordenações e da equipe técnica do audiovisual, que compartilhou, com as professoras e os(as) estudantes, a responsabilidade pela guarda e bom uso dos equipamentos. Além do empréstimo de equipamentos, no último semestre do ensino remoto emergencial, a gestão do Campus também disponibilizou um recurso de R$ 1.0000,00 (Mil reais)6 para cada uma das 9 equipes. Esse valor cobria basicamente o pagamento das despesas com alimentação e transporte no período das filmagens. Muito em função dos laços de amizade dos estudantes, outro ponto de apoio a disciplina foi a participação de atrizes e atores de grupos de teatro e estudantes do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília(UnB), que participaram de alguns dos filmes.

Na etapa das filmagens, as equipes foram orientadas a observarem o Protocolo de Saúde e Segurança no Trabalho do Audiovisual (2020), elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica com outras organizações, a fim de seguirem os protocolos sanitários para a prevenção da Covid-19. No acompanhamento dos sets de filmagem, com duração de duas semanas e 3 diárias para cada equipe, a comunicação com os(as) estudantes ocorria por um grupo das disciplinas criado no aplicativo de mensagem Whatsapp, nos atendimentos individuais semanais dos grupos no horário da aula pela plataforma Google Meet e, no último semestre, nas nossas visitas presenciais aos sets de filmagem.

Após a finalização dos sets de filmagens, os (as) estudantes vivenciaram a pós-produção dos curtas-metragens (edição, finalização, inserção da janela de acessibilidade e a elaboração do dossiê do projeto). Nessa etapa, os(as) estudantes também receberam apoio técnico dos monitores das disciplinas e dos(as) professores(as) do segundo módulo do curso, em especial sobre som e edição, que foram elementares para o sucesso das produções dos curtas-metragens. Durante os dois primeiros semestres letivos do ensino remoto emergencial, a etapa da pós-produção foi feita com os equipamentos e softwares próprios dos (as) estudantes. Porém, no último semestre, com o retorno gradual das atividades presenciais no Campus, já foi possível a utilização dos laboratórios de edição.

As últimas aulas das disciplinas Práticas Profissionais foram dedicadas à exibição dos curtas, em sala de aula virtual na plataforma Google Meet. A primeira exibição foi restrita a nós e aos estudantes das disciplinas para que orientações, considerações e sugestões sobre a primeira versão do filme fossem feitas. Após uma semana, a segunda exibição foi mais ampla com a participação dos (as) professores (as) que participaram da integração e subsidiaram, com conhecimentos e orientações, a realização dos curtas-metragens.

A exibição final dos filmes foi celebrada pelos (as) estudantes por terem vivenciado e concluído o processo de realização fílmica, a primeira obra audiovisual da maioria deles, percebendo-se como sujeitos criadores e inventivos na sociedade. Devido às restrições da pandemia da Covid-19, não foi possível, ainda, realizar uma exibição pública no Campus dos 21 filmes produzidos com nossa orientação nas disciplinas. Contudo, incentivamos que os (as) estudantes inscrevam seus filmes no circuito de festivais e mostras de cinema e audiovisual nacionais e internacionais, incluindo a 3ª Edição do Festival Recanto do Cinema - Audiovisual na Periferia, prevista para dezembro de 2022.

Os filmes realizados

Apresentamos abaixo as sinopses e as respectivas equipes de realização dos filmes produzidos nos três semestres letivos do ensino remoto emergencial do Curso Técnico em Produção de Áudio e Vídeo do IFB Campus Recanto das Emas, por entendermos que esta comunicação acadêmica somente é possível graças a realização de cada um dos curtas-metragens e consequentemente de seus realizadores e realizadoras. Destacamos a fruição das diferentes temáticas, linguagens e gêneros (documentário, ficção e experimental) dessas produções.

Tabela 1 - Produções do 2º semestre de 2020

Título
Visto o que eu sinto (Documentário)
Sinopse
O documentário apresenta a história da musicista de Brasília, Gaivota Naves, buscando entender sua relação musicais com a moda e como ela usa o objeto na sua arte criando suas identidades.
Ficha técnica
Bianca Lara
Luna Colazante
Marcus Vinicius
Tirzah Lira
Título
Amor de Avós (Documentário)
Sinopse
Os avós Antônio e Djanete nos contam como foram suas reações ao saber que seriam avós, como é a convivência com os netos. Intercalando falas, fotos de acervo pessoal e vídeos, o curta aborda o tema amor de avós e netos. Mostrando lembranças e momentos, a diretora também homenageia a sua própria avó.
Ficha técnica
Carol Netto
Karla Dinair
Raquel Duarte
Thiago Teixeira
Título
Mulheres na Produção - Coletivo B. Rockers (Documentário)
Sinopse
Tendo em vista que os espaços públicos são majoritariamente composto por homens. O documentário “Mulheres na produção - Coletivo B. Rockers” explana a participação feminina como agentes culturais. Aborda pontos como, representatividade, dificuldades, desafios, preconceitos e conquistas dentro e fora do Coletivo.
Ficha técnica
Emanuel Moreira
Bruno Cézar
Fábio Alexandre
Fabrício Varela
Jéssica Darhllins
Título
Hino do DF (Video Arte)
Sinopse
Com imagens de arquivo e a execução do hino DF, o filme aborda a história da construção de Brasília.
Ficha técnica
Ana Cristina
Bárbara Lima
Letícia Guedes
Título
Papa Figo (Ficção)
Sinopse
Em diferentes épocas/dimensões, o mundo e a sociedade sofrem com o mal que assola a todos; enquanto um monstro ataca crianças para comer os seus órgãos. Baseado numa lenda urbana, o curta prepara muitas surpresas.
Ficha técnica
Bruna Baldez
Gabriel Ferreira
Henrique França
Lucas Matheus
Rodrigo Lopes
Título
As cores que ele pintou (Documentário)
Sinopse
Andrey Lemos, conta sua trajetória e abre a gaveta de suas memórias. Negro, gay, candomblecista. Ele exibe as portas de seu mundo e nos apresenta as cores e os sabores de ter fé na vida.
Ficha técnica
Brenno Ayan
Fabrício Schuch Lima
Título
Filhos da Ceilândia (Documentário)
Sinopse
Sol Nascente, periferia do DF, tem um alto índice de evasão escolar e precarização social. Sabendo da necessidade da cidade, Dona Margarida junto a sua família dedicam suas vidas na busca por melhorias no desenvolvimento da região.
Ficha técnica
Douglas Queiroz
Nathálya Brum

Tabela 2 - Produções do 1º semestre de 2021

Título
Primeiro Passo (Ficção)
Sinopse
Cris, uma garota que sofre de traumas do passado, vive em um estado de solidão. Em sua rotina sair de casa não é uma opção. Tudo muda quando um grupo de antigos amigos reaparece. Ela precisa enfrentar os seus medos para redescobrir o mundo à sua volta.
Ficha técnica
Anna Silva
André Esteves
Luciano Torres
Otávio Costa
Pedro Avellar
Título
Não Desvie o Olhar (Ficção)
Sinopse
Micaela é uma artista que busca crescer na cena underground do DF, porém ao conhecer Murillo, um produtor musical que teoricamente facilitaria a sua trajetória, sua vida muda de curso antes de ela conhecer o sucesso.
Ficha técnica
Cleber Augusto
Gabriella Matos
Guilherme de Avila
Lucas Sampaio
Pedro Henrique
Vitor Miguel
Título
Como se livrar de um fantasma remotamente (Ficção)
Sinopse
Um jovem derrama um líquido no computador, o que desperta a fúria da assistente virtual do dispositivo. Como vingança, a assistente virtual começa a deletar e bagunçar todos os arquivos do seu computador. Desesperado, o jovem consegue deletar o sistema. Porém, as coisas fogem do controle e um fantasma começa a assombrar a vida real.
Ficha técnica
Gabriela Pereira
Júlia Ribeiro
Yuri Alves
Título
Intercicle (Ficção)
Sinopse
Durante a pandemia, um grupo encontra refúgio, em um aplicativo de terapia em conjunto, para enfrentar seus dilemas pessoais.
Ficha técnica
Elda Pereira Holanda
Emmilia Souza Serejo
Emerson Fernandes de Lima
Gabriela Bispo Rosa
Isabel Cristina Prado Barros

Tabela 3 - Produções do 2º semestre de 2021

Título
É Recanto, é poético e é nosso! (Documentário)
Sinopse
O documentário apresenta o projeto social “É Recanto é Poético” e seu principal contribuinte, Diego Dhark. A narrativa fílmica contrapõe a visão negativa vinda da sociedade sobre os jovens de periferia e demarca a força do rap e do hip-hop. O curta marca a identidade dos jovens, no jeito de falar, de vestir, de se comportar, e de como encontram no universo das artes e da cultura a oportunidade de se recriarem como artistas.
Ficha técnica
Antonia Ferreira e Silva
Camila Ribeiro Francisco
Elizabeth Sidrin
Emanuely da Costa
Título
Entre 8/9 (Ficção)
Sinopse
Beatriz e Nice são duas mulheres completamente diferentes. Beatriz é bem sucedida financeiramente e tem uma carreira de sucesso, enquanto Nice é uma dançarina aposentada que vive com poucos recursos. As duas estão num prédio comercial em Brasília e pegam o mesmo elevador. O que parece ser um contratempo rápido e fácil de resolver, dura longas horas de muita conversa, desabafo e esperança.
Ficha técnica
Charles dos Santos
Iury de Lima
Izabel Bose
Leandra Pimentel
Lucas Sampaio
Viviane Campos
Título
Marasmo Social (Ficção)
Sinopse
Paulo é viciado em assistir noticiários de TV. Quando percebeu que sua mente virou um depósito de relatos ruins, Paulo passou a se refugiar no mundo virtual à procura de paz e tranquilidade. Trocou atividades corriqueiras por jogos virtuais. Com o passar do tempo, se viu depressivo e o mundo virtual já não reparava suas angústias. Enquanto ele mergulhava na internet, seus medos do mundo real se aguçaram em pensamentos alucinantes e fora da realidade.
Ficha técnica
Gilson de Jesus Sousa
Kathleen Lorrane
Mateus Aguiar da Cruz
Pedro Artur Botelho
Rafael Teixeira Borges
Vilmar Nunes Valadão
Título
Matriz (Ficção)
Sinopse
Rosângela é uma mãe que ama sua filha e quer dar conta das demandas maternas, porém, a realidade se apresenta como uma sequência de portas fechadas, escassez e solidão. Num dia que parece não ter fim, ela encontra um bilhete de sua avó e se depara com uma força que até então, parecia não existir.
Ficha técnica
Bárbara Campos
Flaudir Costa Ferreira
Jaqueline Cardoso
Kalileide Pereira Guedes
Luiz Macedo
Naiara Costa
Rodrigo Luiz Martins
Valber Diego Sousa
Título
Sujeito de Sorte (Ficção)
Sinopse
Belchior é um jovem que está passando por um período de autoconhecimento. São questões internas que existem e que não podem ser expostas… Ou, ao menos, é assim que ele pensa.
Ficha técnica
Bárbara Campos
Daniele Brandão
Isabelle Barcelos da Silva
Laion Roberto Stanczyk
Paulo Henrique Gomes Galvão
Título
A(colher) (Ficção)
Sinopse
Numa noite no bar com as amigas, uma mulher independente interfere na discussão acalorada de um casal. Um gesto de empatia e uma carona dão início a uma amizade que mudará o destino das duas mulheres. Um diálogo sobre emancipação, liberdade e força.
Ficha técnica
Bruno Brilhante
Daniel Brazz
Kalina Maurer
Petterson Costa
Thais de Oliveira
Vinícius Fonseca
Título
Barganha (Ficção)
Sinopse
Oswaldo está de luto, porém contente em casar seu único filho, Felipe, a quem se dedicou a vida inteira desde que ficou viúvo, quando Felipe ainda era muito novo. Apesar do amor e toda entrega, a relação dos dois estava longe de ser perfeita. No caminho da igreja, Oswaldo dialoga com seu filho e suas versões do passado a fim de discutir suas culpas e divergências, passando pela raiva e suas mais profundas tristezas, caminhando para um sincero perdão de ambos.
Ficha técnica
Daniel Brazz
Bertone Livino Beserra
Jonatas Araújo Viana
Nathalia Sousa Oliveira
Saulo de Figueiredo
Suelma Pereira da Silva
Título
Raimundo Nonato (Documentário)
Sinopse
Raimundo Nonato, trabalhador nordestino, altruísta e sonhador. Assentado do INCRA, pai, pastor, agricultor na Chapada dos Veadeiros-GO.O documentário narra importantes acontecimentos que marcaram a sua vida e relata sua vida de coragem e perseverança.
Ficha técnica
David Cantanhede
David Johnny
Ellison Messias
Feliphe Agassiz Guilherme Cassaro
Israel Diniz Freitas
Moisés Costa Lima

Considerações finais

Certamente, precisaremos de muitos anos para avaliar os impactos e as sequelas da pandemia da Covid-19 no mundo. No Brasil, o número de mortos oficializado pelo governo é de 663 mil pessoas7 e, embora não haja estudos sobre o perfil dessas pessoas, é sabido que as desigualdades de gênero, raça e classe modelam a miséria. Acreditamos, portanto, que os impactos da Covid atingiram de forma mais incisiva os desfavorecidos. A irresponsabilidade do governo federal brasileiro frente ao veto do projeto de lei da Câmara dos Deputados que previa a garantia do acesso à internet para estudantes e professores(as) das redes públicas de ensino em decorrência da pandemia, evidencia a fragilidade, de todas as ordens, com que as escolas públicas enfrentaram a pandemia. Sabemos que o mundo inteiro foi afetado com o novo coronavírus, mas, certamente, de todos os setores, a educação pública foi um dos mais impactados. As mudanças provocadas na vida da escola e dos(as) estudantes possibilitam emergentes reflexões acerca do ensino público frente à pandemia da COVID-19.

Nosso objetivo ao relatar a experiência do fazer cinema no ensino remoto passa por entendermos o quanto a escola é responsável por garantir um ensino de qualidade. Acreditamos que a produção desses filmes se constituiu como estímulo para que muitos estudantes, mesmo passando por inúmeras adversidades, continuassem no curso e refletissem sobre suas histórias e pertencimentos, podendo inclusive ponderar questões como “Que história queremos contar”? e “Qual a relevância de contar essa e não outra história”?

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas com o ensino remoto, consideramos a experiência com as disciplinas de Práticas Profissionais como exitosas. Cumprimos não apenas o principal objetivo da realização de um curta metragem, também possibilitamos que os(as) estudantes vivenciassem o fazer cinema e agregassem em seus portfólios profissionais um registro de produção. Proporcionamos o intercâmbio de experiências cinematográficas, ampliamos o repertório fílmico de estudantes, incentivamos a prática de atividades profissionais, fortalecemos a importância da produção cinematográfica no IFB, estimulamos a inscrição de seus filmes em Mostras e Festivais de cinema e, por fim, discutimos inúmeras estratégias que vislumbram uma narrativa comprometida com o fazer cinema na periferia do Distrito Federal.

As tabelas, com resumo dos filmes realizados ao longo desses três semestres, reforça a tão bem sucedida prática. Ao mesmo tempo, a listagem nos possibilita socializar a nossa experiência e a produção dos(as) estudantes. Obviamente nem tudo são flores e foram muitas as dificuldades enfrentadas. Com a continuidade e ampliação da pandemia, muitos de nossos estudantes perderam familiares e amigos(as), não conseguiram conciliar carga horária de trabalho com os estudos, manifestaram fadiga, cansaço, mal-estar e questões relacionadas à saúde mental. Ao longo dos semestres, esses e outros males foram responsáveis pela evasão escolar de muitos estudantes, influenciando também nos relacionamentos interpessoais, o que desestruturou alguns grupos.

Em muitos momentos foi necessário mediarmos situações de conflito entre os (as) estudantes sobretudo nas etapas da pré-produção e da produção, contudo, compreendemos que o processo de aprendizagem nas disciplinas está para além dos conhecimentos técnicos e artísticos do cinema, mas também abarca o desenvolvimento de aprendizagens para o trabalho em equipe, autonomia, responsabilidade e compromisso com o trabalho e com os colegas da equipe, bem como a convivência com a diversidade e a diferença.

Ao criarmos no espaço virtual dinâmicas de escutas, trocas e respeito às diferenças, debatemos o livro “O que é lugar de fala?” da filósofa negra Djamila Ribeiro e, involuntariamente, também contribuímos com alívio de muitas dores. Em várias conversas, os(as) estudantes relataram seus esforços (assistirem aulas no transporte público, no local de trabalho e outros) e o prazer de participarem das aulas. Na medida que a metodologia ia se desenvolvendo, crescia também os processos de experimentações, descobertas e afinidades com o fazer cinema. Nosso sentimento é de que, a finalização de cada um desses curtas também cumpre a urgência de unir tecnologia e humanidades.

Notas

1O curso técnico integrado ao ensino médio é destinado aos estudantes que tenham cursado e concluído o ensino fundamental, permitindo cursar o ensino médio e, ao mesmo tempo, o ensino técnico em produção de áudio e vídeo. O ensino técnico integrado voltado para jovens e adultos - PROEJA (Programa Nacional de Integração de Educação Básica com a Educação Profissional na Modalidade de Jovens e Adultos) tem por objetivo oferecer a educação profissional técnica de nível médio a jovens e adultos que não tiveram oportunidade de cursar o ensino médio na idade regular, promovendo a elevação do seu nível de escolaridade. O curso técnico subsequente ao ensino médio é destinado aos estudantes que tenham cursado e concluído o ensino médio.

2O Distrito Federal é dividido em 33 regiões administrativas, cujos limites físicos definem a jurisdição da ação governamental para fins de descentralização administrativa e coordenação dos serviços públicos.

3A política de ações afirmativas do Instituto Federal de Brasília está fundamentada na Lei Nº 12.711, de 29 de Agosto de 2012, que dispõe que em cada concurso seletivo para ingresso em cursos nas instituições federais de ensino técnico, no mínimo 50% das vagas devem ser destinadas para estudantes que cursaram integralmente o ensino fundamental em escolas públicas e que sejam oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita. Ainda de acordo com a legislação tais vagas devem ser preenchidas por pessoas que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas e pessoas com deficiência. Na perspectiva das autoras a forma como as cotas étnico-raciais têm sido implementadas no Instituto Federal de Brasília, associadas com recortes de classe, não tem oportunizado uma maior diversidade étnico-racial no perfil dos estudantes dos cursos técnicos de Produção de Áudio e Vídeo. Algumas Universidades e Institutos Federais têm utilizado em seus processos seletivos cotas raciais que garantem 20% das vagas para estudantes negros (as), com analogia na Lei Nº 12.990 /2014.

4Em conjunto com a professora Edileuza Penha de Souza, as professoras Juliane Peixoto e Marcela Borela, ministraram as disciplinas Práticas Profissionais, no Curso Técnico Subsequente em Produção de Áudio e Vídeo, no primeiro semestre letivo de 2021. Pelas professoras foram orientados 9 curtas-metragens, totalizando 30 filmes produzidos no ensino remoto emergencial. No entanto, optamos por apresentar na comunicação somente os filmes que orientamos conjuntamente.

5No período da produção os(as) estudantes, tiveram duas semanas para as filmagens, cada grupo com 3 diárias, sendo que somente a partir do 1º semestre de 2021 puderam utilizar os equipamentos do Campus: 7 Câmeras T6i com 01 lente 18-55mm, 01 lente 55-250mm, 02 baterias, cartão de memória 32gb, case; Tripé Benro com cabeça Hidráulica KH26NL; rebatedor e Gravadores portátil ZOOM H6 completo 2 Microfones, espuma maleta cartão 2GB, microfone lapela BOYA BY-WM8 (com 1 transmissor, 1 receptor, 1 adaptador p2/XLR e 1 adaptador p2/p2), e 2 microfones lapela, case, 6 pilhas AA microfone tipo boom RODE NTG-2 (sem vara, 1 pilha AA) e cabo XLR/XLR.

6Valor correspondente a cerca de 200 euros, de acordo com o câmbio de abril de 2022.

7Fonte: https://covid.saude.gov.br/. Acessado em: 30 de abril 2022.

Referências

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