Capítulo / Chapter II | Cinema – Cinema

Ancestry and identity in Negrum3 - A black pedagogy about gender and sexuality

Ancestralidade e identidade em Negrum3 - Uma pedagogia negra acerca de gênero e de sexualidade

Marcus Vinicius Azevedo de Mesquita1

UnB - Brasil

Edileuza Penha de Souza2

UnB - Brasil

Abstract

Black Brazilian Cinema is a concept that affirms the presence and the black culture in cinema since the arrival of the first literate slaves in Brazil, at the same time that it questions the structure of cultural and knowledge production. In this article, we seek a pedagogical approach to black cinema. The objective is to work with the universe of meanings and discourses existing in the film NEGRUM3 (2018), by the filmmaker Diego Paulino. We consider that ancestry, converted into an analytical category, is a key concept to understand the discourse present in the analyzed film, in which it becomes evident the need to establish a dialogue with the African past, in an attempt to resignify the boundaries of gender and sexuality for Afrodiasporic populations in the present and in the future. In this sense, we analyze the film considering the concept of Pretagogia that values the body and the orality, as a producer of black epistemology and identity. We establish dialogues with black authors/authors and carry out an analysis that considers the film as an artistic work that grounds meanings in narrative structures by means of filmic, visual and sound apparatuses. Our article demarcates the pedagogical character of Brazilian Black Cinema and demonstrates how it can make paradigmatic changes through the way it portrays certain themes, making possible the reconstitution of black history and the establishment of a pedagogy of hope.

Keywords: Ancestry, Black Cinema, Gender and Sexuality, Negrum3, Pretagogia.

O Cinema negro ousa dizer o que se cala

Mil nações
Moldaram minha cara
Minha voz
Uso pra dizer o que se cala
O meu país
É meu lugar de fala
Mil nações
Moldaram minha cara
Minha voz
Uso pra dizer o que se cala
Ser feliz no vão, no triz, é força que me embala
O meu país
É meu lugar de fala

O que se cala

No Brasil desde a chegada dos primeiros(as) trabalhadores(as) escravizados(as) foi implantado o movimento de luta e resistência, o que possibilitou a construção de novos valores para manutenção e continuidade da vida. A crença nos Òrìṣàs, Inquices, Santos, Voduns, Egunguns e outras divindades espirituais assegurou a institucionalidade de um continuum civilizatório recriando e legitimando a herança africana, “influenciando a vida cotidiana, dando sentido à vida em comunidade e fortalecendo os pilares da cultura” (LUZ, 2000, p. 97).

Nosso entendimento é que o Cinema Negro, e como diz a música “o que se cala”, imortalizada na voz de Elza Soares3 - por conta do nosso lugar de fala, o Cinema Negro Brasileiro (CNB), tem origem ancestral, o que significa ir além da produção de luzes e movimentos, de narrativas e estéticas. A ancestralidade âncora na existência, no tempo, no pensamento, na memória e na transmissão de conhecimentos. Assumimos na Pretagogia (Petit, 2015), uma forma de compreender que a narrativa desenvolvida no filme traz no corpo e na fala das personagens saberes construídos na luta por emancipação (GOMES, 2017). Essa perspectiva ancestral confronta o projeto genocida fundado na colonização mercantil4. Ou seja, pessoas negras, recriam na diáspora um outro modo de vida, o que possibilita a garantia da existência e da continuidade enquanto povo.

Desde sua tese de doutoramento, a pesquisadora Edileuza Penha de Souza (2013) vem afirmando que o conceito de CNB, é uma, das muitas, ações do Movimento Negro Organizado (MNO), ou seja, foram nas organizações de resistência ao sistema escravocrata, antes e após a assinatura da Lei Áurea5 (13 de maio de 1888), que nossos ancestrais ergueram nossos destinos. Este artigo demarca as ações do MNO como princípio fundador do Cinema Negro Brasileiro.

Acredito que é nas primeiras palavras escritas por homens e mulheres negras no Brasil, grafadas em panfletos, periódicos, cadernos, jornais e tantos outros instrumentos de letramento que se encontram os primórdios para elaboração do conceito daquilo que hoje se denomina Cinema Negro (SOUZA, 2013, p.69).

Após a falsa abolição, movimentos como a Frente Negra Brasileira, o Teatro Experimental do Negro (TEN), e a carta escrita pelo ator Grande Otelo, em 1953, - atualmente reivindicada por grupos de cineastas e atores(atrizes) negros(as) como o Primeiro Manifesto da Imprensa Negra no Brasil - são alguns marcos do MSN que constituem o CNB na contemporaneidade, como instrumento de denúncia da ausência de pessoas negras no audiovisual e expressa a necessidade da visibilidade negra como elemento de diversidade.

Compreender o Movimento Social Negro, como marco do CNB, passa por entender o patrimônio histórico e cultural do Brasil como herança dos saberes produzidos e sistematizados pela população negra. Neste sentido, vale lembrar que muito da produção de filmes realizados por cineastas negros(as) somente tem sido possível graças à colaboração do MSN, de sindicatos e organizações civis, possibilitando um crescimento contínuo da representação negra no audiovisual.

Nosso entendimento é que o CNB subverte o que historicamente foi chamado de Cinema Brasileiro ou Cinema Nacional, criando um cinema de emergências. Um cinema que descoloniza corpos e mentes dando visibilidade à existência negra. E nessa perspectiva, buscamos analisar o curta-metragem NEGRUM3 (2018), do roteirista e diretor Diego Paulino6. Consideramos a ancestralidade como um conceito-chave para compreender o discurso de liberdade e existência, presentes na narrativa fílmica. Buscamos no Afrofuturismo perquirir o caráter pedagógico do curta, para demonstrar como um filme pode realizar mudanças e reconstituir histórias da população negra. Recorremos à filosofia freiriana como uma das bases de análise do filme, sobretudo por entender que trata-se de um filme libertador, que nos ensina a aprender que a qualquer tempo, é preciso ter esperança.

De Zózimo Bulbul ao Manifesto das Bixas Pretas

Ator e diretor Zózimo Bulbul7 foi pioneiro na luta pela representação da cultura negra na televisão e no cinema. Toda sua vida e carreira foi pautada na militância de edificar um Cinema Negro Brasileiro, consolidando esse feito em 2007 quando criou o Centro Afro Carioca de Cinema, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano organiza o “I Encontro de Cinema Brasil África”8 com objetivo de recuperar a memória da presença do negro e suas temáticas no cinema negro nacional e internacional (MENDONÇA e SOUZA, 2020).

Pai do cinema negro brasileiro, Zózimo Bulbul (21 de setembro de 1937 — 24 de janeiro de 2013) foi pioneiro ao cunhar a necessidade de se construir um cinema negro brasileiro, um cinema produzido e protagonizado por negros. Em seu primeiro filme como diretor, “Alma no Olho” (Brasil, 1974), se vale dos resto dos negativos da película ‘Compasso de Espera’ (1969) de Antunes Filho, e cria uma obra de arte que viria a se tornar o primeiro clássico do cinema negro brasileiro. (MENDONÇA e SOUZA, 2020, p.575)

Zózimo conviveu com artistas que participaram do TEN e colaborou diretamente com os Movimentos Dogma Feijoada (2000) e o Manifesto do Recife (2001). Esses dois Movimentos se destacam pelas especificidades na luta pela representação midiática de pessoas negras e na denúncia das desigualdades raciais no setor do audiovisual no Brasil.

Em 1999 produtores, documentaristas e curtametragistas negros de São Paulo se unem e organizam o I Encontro de Realizadores e Técnicos Negros, o encontro ocorreu no Museu da Imagem e do Som (MIS) e teve uma abrangência nacional, com a participação de cineastas negros estreantes e consagrados. No ano seguinte é realizado também em São Paulo o 11º Festival Internacional de Curtas Metragens e na programação a Mostra da Diversidade Negra. No final da Mostra o cineasta Jeferson De torna público o Manifesto Dogma Feijoada – Gênese do Cinema Negro Brasileiro, conhecido como Cinema Feijoada, a declaração estabelece sete fundamentos para a realização de um cinema negro (CARVALHO e DOMINGUES, 2015).

(1) o filme tem de ser dirigido por realizador negro brasileiro; (2) o protagonista deve ser negro; (3) a temática do filme tem de estar relacionada com a cultura negra brasileira; (4) o filme tem de ter um cronograma exequível. Filmes-urgentes; (5) personagens estereotipados negros (ou não) estão proibidos; (6) o roteiro deverá privilegiar o negro comum brasileiro; (7) super-heróis ou bandidos deverão ser evitados. (DE e CARVALHO, 2005, p. 96)

Em 2001, na 5ª edição do Festival de Cinema do Recife, Joel Zito Araújo lança o documentário: “A negação do Brasil” (2000), fruto de sua tese de doutorado9. O filme projeta suas lembranças entrecruzadas a depoimentos de atrizes e atores negros, rememorando seus processos de pertencimento e identidade negra. No festival artistas negros brasileiros apresentam um outro manifesto exigindo mudanças nas representações das imagens dos/as negros/as no audiovisual, e conclamam:

1) O fim da segregação a que são submetidos os atores, atrizes, apresentadores e jornalistas negros nas produtoras, agências de publicidade e emissoras de televisão; 2) A criação de um fundo para o incentivo de uma produção audiovisual multirracial no Brasil; 3) A ampliação do mercado de trabalho para atrizes, atores, técnicos, produtores, diretores e roteiristas afrodescendentes; 4) A criação de uma nova estética para o Brasil que valorize a diversidade e a pluralidade étnica, regional e religiosa da população brasileira (DE e CARVALHO, 2005, p. 98-99).

Esses dois manifestos pautaram a emergência de um cinema de combate às estereotipias. Possibilitou a criação de narrativas que reescreve a história, bem como demarca o pioneirismo de cineastas negros e negras na luta por uma sociedade mais justa e fraterna. Em outras palavras esses manifestos se configuram como alguns dos marcos do MSN que edificam o Cinema Negro Brasileiro, orientando assim perspectivas de uma sociedade, e consequentemente de uma escola antirracista. Entendemos assim, que o CNB também se constitui como uma iniciativa pioneira e exitosa que se apoia na Pedagogia da Esperança10 para edificar e difundir uma educação que promova a equidade de gênero e raça, tanto quanto o desenvolvimento e preservação da vida humana.

Partindo desses dois movimentos, o professor Lecco França (2020) denomina o filme Negrum3 como, “uma espécie de manifesto estético e político da “bixa preta”. No documentário performático, com o rosto pintado de preto, o ator Félix Pimenta, nos convida a conhecer o “Manifesto Pelo Espaço Preto”. As ideias contidas no manifesto, nos permite estabelecer que o CNB tem uma perspectiva pedagógica, uma vez que demonstra uma articulação coletiva em busca da construção de uma outra sociedade para sujeitos negros, que reestabelece laços com a ancestralidade de matriz africana e vislumbra um futuro negro que celebra a pluralidade da negritude.

Firmar o Manifesto da Bixa Preta, não significa criar um outro termo que universalize toda a experiência LGBTQIA+ negra. No entanto, consideramos relevante explicar o porquê do emprego do termo “bixa”. Na verdade, compreendemos que esse vocábulo, empregado historicamente como forma de ofensa, foi ressignificado para edificar um imaginário acerca das múltiplas sexualidades, que em algum momento se viram física ou verbalmente oprimidas. Além de ser algo importante para a narrativa fílmica, que abarca múltiplas identidades de gênero e sexualidades. O termo “bixa” consegue abarcar expressões de sexualidades, tais como a de indivíduos racializados. Neste sentido, evocamos autores como Vidarte (2019) e Silva (2020), para os quais o termo “bixa” apresenta múltiplas possibilidades, a exemplo do coletivo Afrobixas11.

Silva (2020) explicita que o coletivo optou pelo termo “bixa”, por entender que a terminologia abarca outras expressões de sexualidade e de identidade de gênero presentes nas pessoas que compõem o grupo. Por sua vez, Vidarte (2019) nos ajuda a compreender essa circunstância, ao propor uma ética bixa, uma ética não universalizante, mas, que:

deveria recuperar a solidariedade entre os oprimidos, discriminados e perseguidos, evitando estar a serviço das éticas neoliberais criptorreligiosas herdadas em que fomos criados e nas quais se forjaram nossos interesses de classe, e recuperar a solidariedade com os outros que foram e são igualmente oprimidos, discriminados e perseguidos por razões diferentes de sua orientação sexual (VIDARTE, 2019, p. 22).

O conceito da ética bixa trazido por Vidarte (2019) contempla grupos e coletivos sociais que vivenciam múltiplas opressões: raciais, sociais, territoriais ou religiosas. O emprego do termo ao tratar o filme como um manifesto possibilita abarcar as sexualidades negras e evidenciar a interseccionalidade dos sistemas de opressão, contra os quais vislumbramos no CNB um mecanismo de resistência.

As similaridades das ideias contidas nos debates sobre CNB, se fazem presente no Manifesto pelo Espaço Preto. Em ambos, temos um religar-se com o passado, a valorização da negritude e a construção de novas perspectivas de futuro. Neste sentido, corroboramos com a proposta de França (2020) ao dizer que NEGRUM3, é um manifesto da bixa preta. São “bixas” todas as pessoas que coletivizam experiências de autocuidado, de identidades e de ancestralidade.

Manifesto pelo Espaço Preto
Na minha pele preta
Tão escura quanto a noite
Carrego a história de gerações
Da minha e das passadas
Carrego as vozes daqueles que vieram antes de mim
E resisto hoje em nome daqueles que virão depois
Se a minha pele preta é meu manto de coragem
Uso de sua proteção para avançar e perdurar no cotidiano
Contrariando estatística, desviando de projéteis de chumbo
Que miram na luz do sol ou ao brilho da lua
Não importa o tecido ou acessório que me cubra
A minha pele preta, escura e sombria
Reluz como as estrelas do firmamento a cada dia vivido
Das histórias de luta que carrego em minhas veias, cabelo, boca e nariz.
Busco forças para reinventar um futuro onde a existência minha e de meus irmãos
Seja a própria ideia fundamental de ser humano
Aspiramos aos cosmos pela simples possibilidade de sonhar
Aspiramos ao espaço sideral para além do etéreo e longínquo
Mas também, ao espaço em sua forma mais literal, espaço.
Lutamos pela individualidade de nossos corpos e a pluralidade da nossa negritude
Ao exercer as nossas múltiplas formas de ser
Não introjete em nossas veias suas ideias pálidas e esquálidas
Ou suas máximas retrógradas que delimitam a sexualidade e o gênero
Nossos corpos negros e celestes são maiores do que isso
Juntos escurecemos o céu desbotado que nos cobre, em busca de recriar nosso presente
Reconhecemos a força daqueles que vieram antes de nós
E, concebemos o futuro àqueles que estão por vir
(Paulino, 2018).

Ser uma Bixa Preta implica em assumir a construção de novos valores. E, neste sentido, compreendemos o Manifesto das Bixas Pretas como mais um elemento de expressão do Movimento Social Negro. O Manifesto agrega o respeito e a valorização da diversidade afetiva e sexual e consolida a ancestralidade de matriz africana como um processo educativo que se manifesta na intimidade e nos corações. É nessa perspectiva ancestral e transcendente que o filme NEGRUM3 nos convida a realizar um casamento entre a sociedade e a intimidade, nos desafia a ser fiel aos nossos corpos e sonhos. O filme nos oferece a esperança de restaurar o sagrado existente em cada ser humano. Se volta à transmissão do conhecimento, da manutenção da saúde, do autocuidado e do bem-estar de cada pessoa preta.

Negrum3 na escola - Por uma Pretagogia da Esperança

O curta-metragem “Negrum3” apresenta-se como um filme-ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora. Trata-se, portanto, de um documentário performático que se divide em três partes, nas quais se propõe um mergulho na caminhada de jovens negros da cidade de São Paulo e a quebra de padrões estéticos e de saberes, ao deslocar a fala para personagens negras, cujas experiências rompem com os padrões de raça, de gênero e de sexualidade impostos pela sociedade heterocisnormativa.

Nos apropriamos do conceito de Pretagogia desenvolvido pela professora Sandra Petit (2015), como categoria de análise fílmica. A Pretagogia está ligada diretamente aos valores da cosmovisão africana, assim como NEGRUM3 nos oferece elementos divinos como representação simbólica da identidade negra. “Ela produz respostas especialmente densas perante a vitalidade. Resguarda o espírito do herói e da heroína em plena jornada de superar obstáculos. A partida, a iniciação e o retorno cíclico refaz o movimento negro” (LIMA, 2015, p.19).

O filme defende a arte e o direito de ser “Bixa Preta”, orgulhosamente clama por respeito e pelo direito de existir. Por sua vez, “a Pretagogia se alimenta dos saberes, conceitos e conhecimentos, de matriz africana, o que significa dizer que se ampara em um modo particular de ser e de estar no mundo. Esse modo de ser é também um modo de conceber o cosmos, ou seja, uma cosmovisão africana” (PETIT, 2015, p. 120).

É na luta de combate ao racismo e a todo tipo de preconceitos e discriminação que se edifica uma educação libertadora e se conecta com os saberes ancestrais, expressos no corpo e na oralidade do povo negro. Assentada nos valores das tradições de matriz africana, o respeito aos sagrados, o culto ao corpo, o desejo e o espírito se conectam diretamente com a ideia de cuidado e autocuidado. Assim como o filme Negrum3 a pretagogia dialoga com narrativas de empoderamento, protagoniza a ancestralidade e o corpo negro enquanto fonte espiritual e clama pela urgência desses elementos nos espaços educativos.

Almeida (2017) afirma que a relação entre cinema e educação pode ser observada segundo diferentes possibilidades, dependendo de como se concebe a própria educação: seja no sentido estrito do aprendizado de conteúdos curriculares, seja no sentido de ampliação das referências culturais da pessoa. O autor observa que, no contexto escolar, o cinema pode ser empregado como um mediador entre os(as) estudantes e determinado conteúdo, como uma forma de despertar o interesse pelo conhecimento ou, ainda, como um instrumento para desenvolver a criticidade do(a) discente.

Defendemos a concepção de que o cinema educa, não porque está associado a algum conteúdo, mas porque permite ao universo educacional atuar nas formas de pensamento, no imaginário, uma vez que tensiona as relações estabelecidas na sociedade (ALMEIDA, 2017).

No governo da presidenta Dilma Rousseff12 foi sancionada a Lei 13.006/2014, que determina a exibição de duas horas mensais de cinema nacional em todas as escolas do Brasil. Essa lei tornou o cinema um componente complementar ao currículo, que deve ser incorporado à proposta pedagógica da escola. No entanto, um dos muitos desafios que essa nova lei apresenta diz respeito à seleção dos filmes que chegarão às escolas: como garantir que a multiplicidade de temas, realizadores e realizadoras, propostas estéticas e discursivas, que atualmente fazem o cinema brasileiro ser destaque em festivais no mundo inteiro, seja também objeto de apreciação de toda comunidade escolar brasileira? (FRESQUET e MIGLIORIN, 2015).

Uma das qualidades da lei é transformar a escola em um local de encontro entre o cinema e o público, que em diversos momentos não tem acesso às salas comerciais de exibição: “mais do que isso, a possibilidade de acesso a sistemas de expressão e signos, blocos de ideias e estéticas marginalizadas pelo mercado e pelo sistema oligopolista de exibição” (FRESQUET e MIGLIORIN, 2015, p. 8).

Nesse sentido, a proposta existente na lei 13.006/2014 permite aproximar as produções do CNB ao espaço escolar e, assim contribuir para a realização de debates acerca de temas urgentes na sociedade. Visto que essas produções têm desenvolvido experimentações estéticas e trazido para o centro de suas narrativas personagens, até então, marginalizados pelo cinema hegemônico. Outra lei federal que expressa o caráter pedagógico do cinema negro é a Lei 10.639/200313. Criada com o propósito de ressignificar a cosmovisão africana, essa lei propõe uma prática pedagógica afro-brasileira que possibilita a reconstituição da história da população negra.

Acreditamos, portanto, que as leis 10.639/2003 e a 13.006/2014 se fortalecem com as produções do CNB, ambos desempenham um papel de importância pedagógica ao possibilitar debates e ações ligadas à população negra no Brasil como a religiosidade, e a circularidade. Estes instrumentos promovem o contato entre a escola e as múltiplas vivências da população negra no Brasil — como as de negros/as LGBTQIA+ — que, muitas vezes, são excluídas desses espaços, contribuindo para alcançar o objetivo de uma escola que respeite as diferenças e se volta para instituir uma pedagogia da esperança.

Afrofuturismos - o futuro negro de NEGRUM3

Esteticamente, NEGRUM3 inspira-se no afrofuturismo, movimento estético, social e cultural, que une elementos da ficção especulativa a história das culturas africanas. O afrofuturismo é um movimento político, social e estético. Muitas vezes compreendido também como subgênero da ficção científica. Os holofotes da tecnologia, permite que esse movimento torne o sonho e a fantasia em realidade. O que parece ser utopia (o desejo de ser fada e princesa no início do filme) se transforma em realidade quando ao final se descortina toda a ancestralidade negra africana. “(...) em um aspecto amplo o afrofuturismo pode ser pensado pela junção da experiência negra e narrativas de ficção especulativa” (FREITAS e SOUZA, 2018, p. 496).

Os filmes inspirados pela estética afrofuturista reelaboram o passado, com o intuito de especular um futuro negro que rompa com a hostilidade do presente. Há neles um infringir os limites de tempo e de espaço, para criar formas de se enxergar no mundo enquanto sujeito negro (FREITAS e SOUZA, 2018).

Negrum3 é um filme com estética afrofuturista composto de três atos. Em suas performances questiona as vivências de ser e do ser negro nos espaços urbanos. As narrativas desenvolvidas perpassam por experiências corporais e estéticas que acessam referências africanas e afrodiaspóricas na busca de especular novas possibilidades de vida para o corpo negro. O curta-metragem é protagonizado por Eric Oliveira, Félix Pimenta, Aretha Sadick14 e outros artistas da cidade de São Paulo.

O filme inicia-se com uma performance que destaca o corpo de Eric: um corpo negro, seminu, sozinho em um fundo preto. Corta para um espelho partido, o encontro da personagem com o espelho causa estranhamento, ao não se perceber na imagem refletida (Figura 1).

Figura 1: Erick se olha no espelho - Fonte: Frame do filme Negrum3.

Ele continua despido, como uma figura sem identidade, até que num novo corte, aparecem várias roupas no cenário. Erick ainda em um processo de se reconhecer, começa a utilizar esses diferentes acessórios e roupas que aparecem em cena (figura 2).

Figura 2: Erick se olha no espelho com as roupas penduradas no palco - Fonte: Frame do filme Negrum3.

Cortado somente por uma batida, essa cena é composta por um quase silêncio. O som da cena ecoa como se fossem batidas do coração, surgem ruídos produzidos pelos movimentos da personagem. Eric parece brincar com as suas múltiplas imagens, que se apresentam nos diversos pedaços do espelho quebrado e nas roupas que mudam a todo instante por meio de uma montagem que, a cada corte, apresenta a personagem de maneira diferente. Tudo se mistura nesse processo de autorreconhecimento, a liberdade do corpo é o ponto principal do início da cena, um corpo que brinca, um corpo livre, que tem uma identidade fluida.

As mudanças de roupa também alteram a postura da personagem, de um ar de medo, passa a ter altivez, ao usar essas roupas e acessórios. Ela passeia olhando para cada vestimenta, tudo é uma grande experimentação das possibilidades ali presentes. A personagem parece não ter mais medo do que vê no espelho.

Em Negrum3, o espelho é também uma metáfora e, ao mesmo tempo que quebrado, se constitui como disputa em torno da representação do corpo negro. Inteiro recupera a identidade, as origens ancestrais e as tradições de poder. O diretor, não se furta das referências simbólicas. O espelho, não é apenas um objeto político, educacional e espiritual, ele representa a transformação e a consciência. Sua superfície reflete os múltiplos processos de construção de memória do estar no mundo e ser uma Bixa-preta (DA-RIN, 2004; SODRÉ, 2009).

O silêncio da sequência inicial do filme é quebrado pela fala da própria personagem, que discorre sobre a não aceitação da sociedade, sobre ser um corpo e uma estética proibidos. Sua fala se mistura a outras em off, que dão continuidade a esses questionamentos. Nelas, percebem-se as inúmeras violências vivenciadas por corpos negros dissidentes, ficam expressos o racismo, a LGBTfobia, a gordofobia, a misoginia, que constituem violências físicas e psicológicas (MESQUITA, 2021).

A resistência a esse processo violento em que vivem corpos negros, aparece no filme a partir da afirmação da negritude. Isso permite a compreensão de que há diferentes vivência negras e possibilita romper com os estereótipos associados ao corpo negro. A maneira como esse processo se realiza fica evidente na sequência, em que Erick demonstra que sua identidade negra é fator de fortalecimento.

A banda sonora se modifica para tambores e as tomadas se tornam mais longas, a personagem se observa no espelho mais atentamente e parece não rejeitar a imagem que vê. O poema “Me Gritaron Negra” da poeta peruana Victoria Santa Cruz, o qual se tornou uma bandeira contra o racismo, começa a ser declamado por uma voz em off. No poema, percebe-se a mudança na maneira como a interlocutora entende a palavra negra, que deixa de ser um insulto, para tornar-se afirmação destemida da identidade e da humanidade negras.

A afirmação da identidade negra faz com que Eric se fortaleça e enfrente a cidade se expressando livremente pelas ruas. Seu corpo revela esse novo momento, caminha altivo e encontra outros corpos negros, e juntos festejam o encontro com sorrisos e danças. Ao som da batida do funk os corpos dançam e celebram suas existências e pertencimentos. Ultimando a primeira parte do filme a ancestralidade é celebrada com alegria, pois o existir é também símbolo “de sobrevivência, resistência e expansão da cultura negra no mundo” (PETIT, 2015, p. 26).

O segundo ato de Negrum3, se inicia por meio de um close no rosto de Félix Pimenta, cujos cabelos são ajeitados para que ele possa entrar em cena (Figura 3). Essa imagem denota que o empoderamento e a aceitação envolvem também uma experiência estética-corporal. Destaco a personagem que arruma Félix: seu figurino remete à orixá Iansã, que representa para o candomblé, religião de matriz africana, a força da natureza e a força feminina. O filme, nesse momento, faz referência à força ancestral que possibilita a Félix entrar em cena.

Figura 3: Os cabelos de Félix são arrumados - Fonte: frame do filme Negrum3.

Após um zoom out, é possível observar todo o ambiente em que a cena se desenvolve. A personagem, então, interpreta o Manifesto pelo Espaço Preto, em um cenário repleto de obras com corpos ensanguentados, que tanto remetem à luta pela sobrevivência do povo negro, quanto ao genocídio perpetrado contra negros e negras desde a diáspora forçada do continente africano (NASCIMENTO, 2016).

Enquanto o manifesto é lido, a montagem traz imagens que remetem a ideia de um futuro em que negros e negras possam expressar-se. Com uma dinâmica rápida, a leitura do manifesto é acompanhada por cenas de uma performance de dança, que se misturam a imagens de um centro urbano com prédios altos e luzes neon. No topo desses prédios, veem-se corpos negros que representam a multiplicidade do ser negro(a): tons de pele, texturas de cabelo, formas corporais. A música eletrônica dá o tom da dança e da montagem. Esse conjunto de fatores sintetizam as referências temporais desse ato do filme, em que a ancestralidade prepara Félix para a leitura do manifesto no qual se clama por um futuro diferente para a população negra.

Finalmente, na terceira parte, em um cenário quase carnavalesco afrofuturista, com muito brilho e luz, Aretha Sadick e Erick descem uma enorme escada e se encontram para uma nova performance. Ela chega em uma nave espacial, com ornamentos que remetem ao Egito antigo e aos impérios de reis e de rainhas africanas, como ela mesma afirma em sua fala. Em uma celebração musical, as batidas eletrônicas do funk combinam-se às imagens na criação de uma utopia afrofuturista.

Em seu canto de celebração do futuro, Aretha novamente lembra o processo de diáspora forçada pelo qual passou o povo negro e adverte-lhe que chegou a hora de tomar posse do que é seu. Projeta-se o futuro, em constante diálogo com o passado, por meio da valorização dos que possibilitaram a chegada desse momento, dos que lutaram e morreram pela independência do corpo negro, que mais uma vez dança e celebra.

Imediatamente após o trecho “Hoje vamos olhar para o futuro de onde tudo começou!”, há um corte rápido — em sincronia com a batida eletrônica do funk —, e aparece Erick (protagonista do primeiro ato do filme), que se junta à performance de Aretha. Há um visível contraste entre a caracterização das duas personagens: enquanto o figurino e os adereços de Aretha remetem ao passado africano, as formas geométricas do figurino de Erick aludem ao futuro negro. Materializa-se, por meio das imagens (figura 3), a confluência temporal anteriormente sugerida na fala de Aretha: passado e futuro se encontram na construção do presente.

Figura 4: Erick e Aretha: futuro e passado - Fonte: Frame do filme Negrum3.

As sequências que compõem essa parte do filme podem ser associadas a concepção filosófica ubuntu, segundo a qual toda a realidade está integrada. Portanto, a existência do indivíduo só tem sentido quando ele se insere em uma comunidade, trabalhando em conjunto com seus pares. Para Nogueira (2012), o sentido da palavra “ubuntu” alude àquilo que “é comum a todas as pessoas” A ética ubuntu é encontrada em inúmeras comunidades bontúfonas, o que permite concluir que o filme busca reconectar-se com o passado africano (2012, p. 148).

Destacamos a referência a uma constituição social que remete às sociedades do continente africano, não como mera volta ao passado, mas como um processo de construção identitária importante no presente, para que se possa vislumbrar a perspectiva de um futuro melhor para os descendentes da população negra.

Por meio da recuperação de conceitos e valores presentes na ancestralidade negra, propõe-se a possibilidade de reformulação do presente e do futuro. Nesse sentido, corrobora-se a ideia de que o cinema constitui uma prática epistemológica, que pode converter-se em “instrumento de superação do eurocentrismo, para além da tentativa de coisificação, imposta pela euroheteronormatividade” (PRUDENTE e PÉRIGO, 2020 p. 428).

Ao tratar da epistemologia, Oliveira (2018) afirma que, como forma de produção de significado, ela é peça-chave na afirmação ou na negação de determinada cultura. Entendemos, pois, que reconhecer o CNB como produção epistêmica pressupõe considerá-lo como relevante mecanismo de produção de signos acerca das negritudes no Brasil, por meio dos quais se propõe a afirmação da cultura de matriz africana ressignificada na diáspora, em um reencontro ancestral, que permite conjecturar novos processos de formação identitária e reconstrução de sociedade.

O cinema que constrói mil nações

O processo dialógico que ocorre em produções como NEGRUM3 constitui dimensões pedagógicas da pretagogia. Observamos que o Cinema Negro Brasileiro é uma arte que, por um lado, afirma a presença e a cultura negra e, por outro, questiona a estrutura de produção cultural e do saber. O filme, portanto, traz a compreensão de que as múltiplas expressões da sexualidade negra sempre existiram, o que permite vislumbrar um futuro no qual se rompe com os binarismos impostos pela colonialidade. Corrobora-se a ideia de uma ancestralidade negra travesti, em consonância com o pensamento de Oliveira (2020).

Com base nessas considerações, reafirmamos que NEGRUM3 possibilita reformular a história negra e inserir a experiência de sexualidades dissidentes na construção de sua cultura. A ancestralidade torna compreensíveis as múltiplas experiências da população negra, no continente africano e toda a diáspora, permitem a reconfiguração do real, para conceber um mundo onde raça, gênero e sexualidade não se convertam em fatores de exclusão.

Assim, trazer a imagens de pessoas LGBTQIA+ como pertencentes a uma ancestralidade negra permite, pois, o deslocamento do olhar, bem como a construção de nova lógica de compreensão das estruturas sociais, realçando o sentido pedagógico do Cinema Negro Brasileiro.

Em Negrum3, Diego Paulino apresenta pensamentos e metodologias do Cinema Negro Brasileiro, trabalha em seus filmes narrativas ligadas à negritude e compõe uma experiência racial perpassada por uma sexualidade dissidente. Corpos que fogem à heteronormatividade predominante na sociedade e na produção cinematográfica brasileira, tomam o protagonismo da história do filme e reformulam a maneira como se apresentam ao público. Trazem à tona novas formas de viver e performar socialmente. São narrativas construídas a partir de novos referenciais, as quais ressaltam como a negritude e a sexualidade interagem na construção da identidade e, embora retratem opressões, enaltecem subjetividades e corporeidades que fogem à norma social (MESQUITA, 2021).

O cinema tem o potencial de produzir sentido, sua imagem em movimento pode realizar mudanças paradigmáticas, pela forma como se retratam determinados temas, possibilita inclusive novas relações temporais. Essa dimensão epistemológica do cinema é o que permite a reflexão do papel do CNB “enquanto agente de interação entre as representações reais e imaginárias” (PRUDENTE e PÉRIGO, 2020, p. 423) da população negra, instaurando sua dimensão pedagógica, no sentido de que ele tem a capacidade de construir novos conhecimentos.

A dimensão pedagógica do CNB dota o espaço escolar de novos mecanismos de discussão das relações étnico-raciais. Esta vertente do cinema coloca o negro em destaque e questiona o lugar ocupado por ele na sociedade. Edifica uma filmografia que humaniza a população negra. “Esta relação étnico-cinematográfica da africanidade traz o negro em primeiro plano, desarticulando o processo eurocêntrico de massificação, descolonizando hábitos e conceitos” (PRUDENTE e PÉRIGO, 2020, p.427).

Notas finais

1Mestre em Artes Visuais pela Universidade de Brasília e professor na Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)

2Doutora em Educação e comunicação pela Universidade de Brasília (UnB)

3Cantora e compositora, emprestou sua voz a vários gêneros musicais. Ao longo de pouco mais de 60 anos de carreira, eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. Nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, 23 de junho de 1930 – 20 de janeiro de 2022.

4“o genocídio que pontuou tantas vezes a expansão europeia foi também um epistemicídio: eliminaram-se povos estranhos porque tinham formas de conhecimento estranho e eliminaram-se formas de conhecimento estranho porque eram sustentadas por práticas sociais e povos estranhos. Mas o epistemicídio foi muito mais vasto que o genocídio porque ocorreu sempre que se pretendeu subalternizar, subordinar, marginalizar, ou ilegalizar práticas e grupos sociais que podiam ameaçar a expansão capitalista ou, durante boa parte do nosso século, a expansão comunista (neste domínio tão moderno quanto a capitalista); e também porque ocorreu tanto no espaço periférico, extra-europeu e extra-norte-americano do sistema mundial, como no espaço central europeu e norte-americano, contra os trabalhadores, os índios, os negros, as mulheres e as minorias em geral (étnicas, religiosas, sexuais).” (SANTOS, 1995, p. 328).

5Assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888. A lei decretava “a liberdade total” aos/às trabalhadores(as) escravizados(as) no Brasil. No entanto, sem nenhuma política pública de reparação, a chamada abolição da escravatura despejou nas ruas famílias negras, que até os dias de hoje lutam por justiça e reparação.

6Além do curta-metragem NEGRUM3, Diego Paulino roteirizou e dirigiu o piloto de série “Paleta de Cores” (2016) contemplado pelo Prêmio Antonieta de Barros para Jovens Comunicadores Negros. Foi membro do comitê de seleção de Edital de Produção de Curtas na SPcine 2021 e do júri no Festival Fade to Black. Ministrou aula de roteiro no Núcleo Baiano de Animação em Stop Motion (NUBAS Escola) e aula de “Criação de narrativas especulativas” na Fundação Getúlio Vargas. Desenvolveu série de constructed reality na Endemol Shine Brasil para Amazon Studios Br. Atualmente, desenvolve seu primeiro longa de ficção, “Experiências Incômodas em Dias Nublados’’ em coprodução com a Vitrine Filmes e VOLTA Filmes.

7Sobre o assunto, ver: CARVALHO, CARVALHO, Noel dos Santos. Cinema e representação racial: o cinema negro de Zózimo Bulbul. São Paulo, tese de doutorado em sociologia, FFLCH-USP, 2006.

8Atualmente o evento é cunhado por: “Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul - Brasil, África, Caribe e Outras Diásporas”, em homenagem ao seu criador.

9ARAÚJO, Joel Zito. A negação do Brasil: identidade racial e estereótipos sobre o negro na história da telenovela brasileira. Universidade de São Paulo: USP, 1999.

10Livro escrito por Paulo Freire, traz uma reflexão sobre o clássico: “Pedagogia do oprimido” (1968). Em “Pedagogia da Esperança”, o autor analisa suas experiências pedagógicas em quase três décadas em diferentes países.

11O coletivo Afrobixas, é um coletivo de jovens negros que propõe debates acerca de raça, gênero e sexualidades no Distrito Federal.

12A lei 13.006/2014 acrescenta § 8º ao art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de diretrizes e bases da educação nacional), e passa obrigar a exibição de filmes de produção nacional, por no mínimo duas horas mensais nas escolas de educação básica. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13006.htm

13A Lei 10639/2003, assinada em 2003 torna obrigatório o ensino de cultura e história afro-brasileira no ensino básico do Brasil. Consultar:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm

14Eric Oliveira - DJ, modelo e performer. Félix Pimenta - dançarino performer, pesquisador, professor e coreógrafo de danças urbanas. Aretha Sadick - multiartista trans, performer, atriz.

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